Hackers exploram falha de segurança no WhatsApp e instalam programa espião

A vulnerabilidade permitiu aos hackers inserir um programa malicioso nos telefones, por meio de chamadas telefônicas do aplicativo
AFP
Publicado em 14/05/2019 às 9:20
A vulnerabilidade permitiu aos hackers inserir um programa malicioso nos telefones, por meio de chamadas telefônicas do aplicativo Foto: Foto: Pixabay


Um grupo de hackers encontrou uma falha de segurança no WhatsApp, um dos aplicativos de mensagens instantâneas mais utilizados no mundo, e instalou um spyware em celulares, informou a empresa.

A vulnerabilidade - informada primeiro pelo Financial Times, e reparada na última atualização do WhatsApp - permitiu aos hackers inserir um programa malicioso nos telefones, mediante chamada telefônica aos aparelhos em questão através do aplicativo, que é utilizando por cerca de 1,5 bilhão de pessoas.

Segundo o Financial Times, que cita um distribuidor de spyware, a ferramenta foi desenvolvida por uma empresa obscura com sede em Israel chamada NSO Group, acusada de ajudar governos do Oriente Médio e até o México a espionar ativistas e jornalistas.

Especialistas em segurança indicaram que o código malicioso tem semelhanças com outras tecnologias desenvolvidas pela empresa, segundo o New York Times.

Esta nova vulnerabilidade de segurança - que afeta dispositivos Android e iPhones da Apple, entre outros - foi descoberta no início deste mês e o WhatsApp rapidamente resolveu o problema, lançando uma atualização em menos de 10 dias.

"WhatsApp incentiva as pessoas a baixar a versão mais recente do nosso aplicativo, bem como manter em dia o sistema operacional do seu telefone, para se proteger contra possíveis ataques de segurança que visam comprometer as informações armazenadas no aparelho", disse à AFP um porta-voz da empresa.

A empresa não comentou o número de usuários afetados ou quais foram os alvos do ataque, e informou que reportou o caso às autoridades americanas.

Esse vazamento é o mais recente de uma série de problemas do Facebook, proprietário do WhatsApp, que tem enfrentado fortes críticas por permitir que os dados pessoais de seus usuários sejam usados por empresas de pesquisa de mercado.

O Facebook também foi questionado por sua resposta lenta ao uso da plataforma pela Rússia para divulgar informações falsas durante a campanha presidencial americana em 2016.

 Programa muito invasivo 

O programa de espionagem que afetou o WhatsApp é sofisticado e "estaria disponível apenas para atores avançados e altamente motivados", disse a empresa, acrescentando que "visava um número seleto de usuários".

"Este ataque tem todas as características de uma empresa privada que trabalha com alguns governos no mundo", de acordo com as primeiras investigações, continuou, sem fornecer, contudo, o nome da empresa.

O WhatsApp relatou o problema para organizações de direitos humanos, mas também não as identificou.

The Citizen Lab, um grupo de pesquisa da Universidade de Toronto, disse no Twitter que acredita que hackers tentaram atacar um advogado especializado em direitos humanos no último domingo usando essa falha de segurança, mas o WhatsApp os impediu.

O NSO Group ganhou notoriedade em 2016, quando especialistas o acusaram de ajudar a espionar um ativista nos Emirados Árabes Unidos.

Seu produto mais conhecido é o Pegasus, um programa muito invasivo que pode ativar remotamente a câmera e o microfone de um determinado telefone e acessar seus dados. 

A empresa assegurou nesta terça-feira que só vende este programa para os governos "combaterem o crime e o terrorismo".

O NSO Group "não opera o sistema e, após um rigoroso processo de estudo e autorização, as agências de segurança e inteligência determinam como usar a tecnologia em suas missões de segurança pública", disse em um comunicado enviado à AFP.

"Nós investigamos qualquer denúncia crível de uso indevido e, se necessário, tomamos medidas, incluindo a desativação do sistema", concluiu.

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