Ao menos duas bases com soldados americanos no Iraque foram atacadas com mísseis balísticos disparados do Irã, segundo informou o Pentágono. Fontes do governo americano informaram mais cedo que os ataques ocorreram a múltiplas localidades, incluindo a base de Ain al-Assad, no oeste do Iraque.
Fontes de segurança iraquianas afirmaram à TV CNN que há iraquianos mortos no base de Al-Assad, mas não está claro o número de mortos ou feridos. Outra base atacada foi a de Erbil.
Segundo a TV estatal iraniana Press TV, a Guarda Revolucionária iraniana reivindicou os ataques com mísseis terra-terra contra a base, localizada na Província de Anbar. "Os bravos soldados da unidade aérea da Guarda Revolucionária do Irã lançaram com sucesso um ataque com dezenas de mísseis balísticos contra a base militar de Ain al-Assad em nome do mártir general Qassim Suleimani", diz a mensagem. O Irã ainda ressaltou que caso haja uma resposta a esse ataque, aliados dos EUA irão ser alvos.
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A TV iraniana havia afirmado antes que "dezenas de foguetes" iranianos foram disparados em resposta ao assassinato do general Qassim Suleimani em Bagdá em uma operação americana na sexta-feira. Desde então, o Irã tem ameaçado dar uma resposta à morte de seu general.
De acordo com as fontes americanas, ao menos dez foguetes foram disparados. A base de Al-Assad foi visitada pelo presidente americano, Donald Trump, em 2018.
Segundo o Pentágono, o Irã disparou mais de uma dezena de mísseis. "Está claro agora que esses mísseis foram lançados do Irã e tinham como alvo ao menos duas bases militares iraquianas que abrigam soldados dos EUA e aliados em Al-Assad e Irbil", informou o assistente do secretário de Defesa Jonathan Hoffman, em comunicado. "Estamos trabalhando para avaliar os danos iniciais."
As bases, segundo Hoffman, têm estado em alerta máximo diante das indicações de que o regime iraniano estava planejando ataques contra forças e interesses americanos na região.
"Ao avaliarmos a situação e nossa resposta, tomaremos todas as medidas necessárias para proteger e defender o pessoal, os parceiros e os aliados dos EUA na região."
A Casa Branca informou que Trump está recebendo informações sobre o ataque e monitorando a situação. "O presidente está em consulta com sua equipe de segurança nacional", informou a porta-voz da Casa Branca, Stephanie Grisham, em comunicado. O presidente americano iria fazer um pronunciamento nesta noite, mas adiou para esta quarta (8). Ao invés disso, Trump usou o Twitter para falar do assunto.
Sirenes foram ouvidas e helicópteros americanos foram vistos sobrevoando a base de Al-Asad, segundo a TV iraquiana Mayadeen. Um alerta total foi ativado no país após os ataques.
Após as informações do ataque, autoridades iranianas publicaram imagens da bandeira do Irã no Twitter. Um deles foi o líder das negociações nucleares do Irã Saeed Jalili, que publicou apenas a imagem da bandeira.
Analistas afirmam que uma ofensiva com mísseis balísticos representa uma escalada grave na crise. Os artefatos teriam um poder de destruição muito maior do que foguetes leves. Imediatamente, os mercados reagiram. O preço do petróleo disparou. O tipo WTI, negociado em Nova York, subiu 4,27% na primeira hora após a notícia do ataque, chegando a US$ 65,38.
Antes do ataque às bases, a agência de notícias iraniana Tasnim havia informado que as forças militares do Irã estavam preparadas para usar mísseis de médio e longo alcances para atacar bases americanas no Oriente Médio. O governo em Teerã teria "13 cenários" possíveis para responder à morte de Suleimani, assassinado na semana passada em um ataque com drone ordenado pelos EUA.
Segundo Ali Shamkhani, secretário do Conselho de Segurança Nacional do Irã, mesmo as opções "mais limitadas" seriam um "pesadelo histórico" para os EUA, informou a agência. "As 27 bases americanas mais próximas da fronteira do Irã já estão em alerta. Eles sabem que é provável que a resposta inclua mísseis de médio e longo alcances", afirmou Shamkhani. "Eu posso apenas prometer que a vingança não deverá acontecer em apenas uma operação."
As bases dos EUA no Kuwait, Iraque, Jordânia e Arábia Saudita já estão em vigilância máxima. Irã e milícias pró-iranianas do Iraque farão uma reunião para decidir qual será a estratégia adotada contra os EUA.
Nesta terça-feira, durante o funeral de Suleimani, o general Hossein Salami, seu substituto à frente da Força Quds, unidade de elite da Guarda Revolucionária, afirmou que o Exército iraniano incendiaria os lugares que os americanos amam. "Vamos nos vingar. Vamos incendiar os lugares que eles (os EUA) mais apreciam", disse Salami. "Será uma vingança dura, forte, decisiva e final, que fará com que eles se arrependam."
Outros militares iranianos também discursaram durante a cerimônia fúnebre de Suleimani - antes dos ataques às bases no Iraque - e garantiram que os mísseis do Irã poderiam atingir qualquer alvo dos EUA que estivesse a até 5 mil quilômetros.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohamed Javad Zarif, afirmou que a resposta iraniana aos EUA seria "proporcional" ao ataque sofrido pelo país. "Este (a morte de Suleimani) é um ato de agressão contra o Irã, um ataque armado, e nós responderemos. Mas responderemos proporcionalmente e não desproporcionalmente. Não somos sem lei, como o presidente (dos EUA, Donald) Trump", disse Zarif.
27/12/2019 - Funcionário americano morre após ataque com mísseis
Um funcionário terceirizado americano morreu e vários militares ficaram feridos após um ataque com mísseis contra uma base no norte do Iraque na sexta-feira (27). Bases e representações dos Estados Unidos foram alvos, desde o final de outubro, de uma série de ataques com mísseis que não foram reivindicados, mas Washington culpou os grupos paramilitares xiitas apoiados pelo governo do Irã.
29/12/2019 - Exército americano bombardeia bases de milícia pró-iraniana no Iraque
O exército americano bombardeou as bases de uma milícia armada pró-iraniana no Iraque, o Kataib Hezhollah, que deixou pelo menos 25 combatentes iraquianos mortos. O ataque ocorreu na fronteira com a Síria, dois dias após um foguete resultar na morte de um americano no Iraque.
31/12/2019 - Adeptos de milícia tentam invadir embaixada dos EUA em Bagdá
Adeptos de uma milícia apoiada pelo Irã tentaram invadir a embaixada dos Estados Unidos em Bagdá, capital iraquiana, na última terça-feira (31). A tentativa ocorreu como forma de protesto aos ataques realizados pelos americanos ao grupo de milícias Kataib Hezhollah. Os manifestantes também acenaram faixas das Forças de Mobilização Popular (PMF, na sigla em inglês). O PMF é um guarda-chuva de milícias que formalmente faz parte do aparato de segurança iraquiano.
Trump chegou a acusar o Irã de "orquestrar" o ataque à embaixada. Sobre o caso, o Irã denunciou "a audácia" dos EUA ao acusar o Teerã (capital do Irã) de estar por trás da tentativa de invasão à embaixada. No mesmo dia, os Estados Unidos enviaram 500 soldados ao Kuwait, vizinho do Iraque.
01/01/2020 - Coalizão ordena que apoiadores se retirem da embaixada dos EUA
No dia seguinte à tentativa de invasão, Hashd al Shaabi, uma coalizão de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, ordenou que os seus apoiadores se retirassem da embaixada dos Estados Unidos em Bagdá. No mesmo dia, os manifestantes deixaram o local.
02/01/2020 - General iraniano é morto após ataque dos EUA ao Aeroporto de Bagdá
Na noite da quinta-feira (2), o general iraniano Qasem Soleimani e o líder paramilitar iraquiano Abu Mehdi al-Muhandis morreram em um ataque dos Estados Unidos contra o Aeroporto de Bagdá, no Iraque. O ataque aconteceu três dias depois dos manifestantes pró-Irã tentarem invadir a embaixada americana na capital do Iraque.
03/01/2020 - Reações no Brasil e no mundo após ataque
O Irã prometeu "retaliação severa" aos Estados Unidos após a morte do comandante. O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, alertou que uma "retaliação severa' está aguardando" Washington após o ataque aéreo que resultou na morte do general. Ele também declarou três dias de luto. Após a morte do líder do Irã e a promessa de vingança contra os EUA, usuários do Twitter pediram, por meio de hashds_matia_palvr que ficaram entre os assuntos mais comentados no Brasil na manhã desta sexta-feira (3), para que o presidente Jair Bolsonaro não se pronunciasse sobre o caso.
A morte do poderoso general iraniano Qassem Soleimani provocou fortes reações em seu país. Sobre o caso, os principais pré-candidatos democratas dos EUA, Joe Biden, Bernie Sanders e Elizabeth Warren, criticaram o ataque. Já o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que os EUA têm direito de auto-defesa, justificando o ataque que matou o general. "Assim como Israel tem o direito de legítima defesa, os Estados Unidos têm exatamente o mesmo direito", comentou.
Ainda nesta sexta, a embaixada norte-americana em Bagdá apelou para os cidadãos que deixem o Iraque "imediatamente" e que "partam de avião o mais rápido possível" ou saiam "para outros países por via terrestre". Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas de Teerã, no Irã, para protestar contra os "crimes" dos EUA. Com frases como "Morte aos Estados Unidos" e cartazes com a foto do comandante assassinado, os manifestantes lotaram as ruas ao longo de vários quarteirões no centro de Teerão depois das orações de sexta-feira. Em entrevista à Rádio Jornal, o cientista político e internacionalista Thales Castro afirmou que a 'situação é gravíssima' após o ataque.
04/01/2020 - Foguetes atingem Iraque
Foguetes atingiram três locais do Iraque no sábado (4), inclusive uma base que abriga forças norte-americanas e uma área próxima à embaixada dos EUA, sem causar mortes. Apesar disso, não há confirmação oficial de quem fez os disparos.
04/01/2020 - Donald Trump ameaça Irã
Na noite de sábado (4), Donald Trump fez ameaça de atacar 52 alvos iranianos caso o país atingisse um alvo americano. O número é uma alusão ao número de pessoas feitas reféns no sequestro da embaixada americana em Teerã em 1979, ano da Revolução Islâmica que transformou o Irã em uma teocracia.
05/01/2020 - Exército do Irã desafia Trump
Em resposta às ameaças feita pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o exército do Irã afirmou que 'duvida' que o americano tenha coragem para executá-las. "Num potencial conflito no futuro, o que eu não acredito que eles [americanos] tenham coragem de realizar, vai ficar mais claro onde os números 5 e 2 vão se encaixar", disse o general Abdolrahim Musavi, de acordo com a agência iraniana Irna. "Dizem esse tipo de coisa para desviar a atenção da opinião pública mundial de seus atos odiosos e injustificáveis, mas duvido que tenham coragem", completou.