Editorial: Sem vacina não tem solução contra o sarampo

O Ministério da Saúde está sendo levado a criar um plano de ação para interromper a circulação do vírus
JC Online
Publicado em 23/08/2019 às 7:41
O Ministério da Saúde está sendo levado a criar um plano de ação para interromper a circulação do vírus Foto: Foto: Guga Matos/Acervo JC Imagem


O sarampo está se alastrando pelo País. Esse é um sinal de alerta ligado hoje em todos os Estados brasileiros e que deve assim permanecer, mesmo quando não se registrar nenhum caso, tomando-se por base o que aconteceu entre julho de 2015 e julho de 2016. Naquele período o País entendeu que estava zerado o registro com um ano sem a constatação endêmica do vírus, tendo recebido da Organização Pan-Americana da Saúde o certificado de região livre do sarampo endêmico, o que levou o Ministério da Saúde a considerar que estávamos a um passo de receber o certificado de eliminação do sarampo pela Organização Mundial da Saúde. Qual o quê! Agora mesmo o Ministério faz reunião com 11 Estados que apresentam casos e está sendo levado a criar um plano de ação para interromper a circulação do vírus.

Pernambuco está entre os 11 Estados que nos últimos 90 dias registraram 1.680 casos e as autoridades sanitárias voltam a bater na mesma tecla que há muito tempo vem sendo difundida pelos meios de comunicação: o sarampo é uma doença grave, altamente contagiosa, e apesar de nosso Estado ser o único – entre os 11 – que alcançou a meta de 95% de cobertura vacinal nos últimos três anos, há percentuais baixos em algumas cidades e aí reside o grande perigo, porque desses lugares com baixa cobertura pode circular o vírus e atingir outras áreas.

Advertência

Por isso, a advertência do secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, deve chegar a todos os municípios, envolvendo autoridades locais e as populações: “A prevenção do sarampo é simples e está disponível a todos, perto de nossas casas, em um posto de saúde. A doença é totalmente evitável por meio de uma vacina segura e eficaz, que ainda protege contra a caxumba e a rubéola. Mesmo assim, estamos registrando números preocupantes de cobertura vacinal em nossa população, o que cria bolsões de pessoas que podem contrair sarampo”.

Esse alerta é de tamanha importância que deveria entrar no campo das preocupações dos que dão força e propagação às redes sociais, hoje tão presentes diante das dificuldades políticas e econômicas por que passa o País. Deve-se recorrer até ao exemplo histórico de Oswaldo Cruz, o jovem sanitarista que enfrentou revoltas populares por causa da lei que tornou obrigatória a vacina contra a varíola no Rio de Janeiro, em novembro de 1904. As de hoje são dificuldades históricas pelas quais já vivemos e deveremos passar em outros momentos, mas sempre advertidos que quando se trata de endemias com graves consequências para a população, como é o caso do sarampo, estamos perante uma questão vital, capaz de abalar famílias e grupos sociais inteiros, deixando sequelas profundas ou mesmo luto, o que deve dar ao tema um posto prioritário nas preocupações coletivas.

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