Moro suspende investigação de bilhete escrito por Marcelo Odebrecht

Ele reiterou que o bilhete não deve fazer parte da investigação que envolve os dirigentes da Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato
Da Folhapress
Publicado em 17/07/2015 às 14:41
Ele reiterou que o bilhete não deve fazer parte da investigação que envolve os dirigentes da Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato Foto: Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil


O juiz Sergio Moro suspendeu na manhã desta sexta-feira (17) o inquérito que investiga o bilhete de Marcelo Odebrecht, presidente e herdeiro da Odebrecht, em que ele escreveu a frase "destruir e-mail sondas".

A decisão veio depois que a seccional paranaense da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) fez uma petição ao juiz solicitando a suspensão do inquérito devido à violação de prerrogativas profissionais que aconteceram na apreensão do bilhete.

A entidade argumentou que houve a quebra de confidencialidade entre advogado e cliente.

"Determino à autoridade policial responsável pelo IPL 1593/2015 (evento 375) que suspenda a tramitação do referido inquérito, até decisão deste Juízo a respeito das questões suscitadas", disse Moro em seu despacho.

Ele reiterou que o bilhete não deve fazer parte da investigação que envolve os dirigentes da Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato.

"Relativamente à autoridade policial responsável pela condução do presente feito, comunique-se que, até que este Juízo delibere sobre as questões pendentes, deverá abster-se de qualquer referência ao bilhete no relatório e conclusão do inquérito relativo aos supostos crimes de cartel, ajuste de licitação, corrupção e lavagem da Odebrecht."

Antes da decisão Moro ser divulgada, Marcelo Odebrecht já havia prestado depoimento sobre o caso. Ele estava marcado para quinta (16), mas foi adiado para sexta (17) porque Dora Cavalcante, uma das defensoras do empresário, foi impedida de acompanhá-lo. O argumento dado pela Polícia Federal foi que ela também seria ouvida por ser uma das destinatárias da mensagem.

Marcelo depôs para a delegada responsável pelo caso acompanhado do advogado Augusto Arruda Botelho. "Ele contestou a interpretação de que sua mensagem se referia à destruição de provas. Disse que 'destruir' se referia à orientações de argumentos para sua defesa", afirmou Arruda Botelho.

EM SILÊNCIO

Na tarde desta sexta (17), os executivos da Odebrecht serão ouvidos na sede da Polícia Federal, em Curitiba, sobre acusações envolvendo a Petrobras.

Os advogados de Marcelo e de outros quatro executivos da do grupo, presos no mês passado, informaram que eles permanecerão em silêncio durante os depoimentos marcados.

Em comunicado, o grupo empresarial informou que Marcelo Odebrecht, Márcio Faria, Rogério Araújo, Cesar Ramos Rocha e Alexandrino de Alencar já prestaram depoimentos em inquéritos que correm no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça.

No comunicado, a Odebrecht critica a Polícia Federal de não tê-los convocado antes e marcou os depoimentos no último dia antes do prazo de encerramento da conclusão do inquérito policial.

"Eis que agora, com os peticionários presos há quase um mês e no apagar das luzes do inquérito, surge o interesse em ouvi-los no último dia do prazo de encerramento da investigação", afirma a petição assinada pelos advogados Dora Cavalcanti e Augusto de Arruda Botelho.

No documento protocolado na manhã desta sexta na PF, os advogados também reclamam que não tiveram acesso a documentos da investigação.

"Nesse panorama submetidos à injusta coação e privados de conhecer todos os elementos já produzidos nesta investigação, o silêncio é a única alternativa imposta aos peticionários", diz a petição.

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