No longo interrogatório a que foi submetido pelo juiz federal Sérgio Moro, na quarta-feira (10), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - réu em ação penal por corrupção e lavagem de dinheiro no caso tríplex -, fez palanque eleitoral em alguns momentos, como se em campanha estivesse, e também se queixou da fragilidade que cerca quem um dia ocupou a cadeira do poder, como ele próprio em oito anos (2003/2010).
"O ex-presidente vale tanto quanto um vaso chinês", disse Lula ao se queixar ao juiz da Lava Jato que não foi convidado nem para a inauguração da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, nem para a Copa do Mundo 2014 e nem para a abertura das Olimpíadas 2016.
"O vaso é um vaso bonito que você ganha quando é presidente", disse. "Quando você deixa a Presidência, você não tem onde colocá-lo. Você não sabe onde colocar o vaso chinês", afirmou Lula.
Durante o depoimento dado ao juiz Sergio Moro, o ex-presidente Lula desafiou o Ministério Público a apresentar documento que prove que o tríplex no Guarujá, foco da ação penal na qual é réu, estava em seu nome.
"Essa é a prova, o resto é conversa fiada", disse Lula. "Espero que o doutor Moro tenha recebido do Ministério Público a prova concreta, cabal, de que o apartamento é meu." Lula disse que fez uma única visita ao tríplex. Também respondeu a um dos procuradores que o interrogaram que não sabia por quanto tempo se estenderam os pagamentos da cota do apartamento porque quem cuidava do assunto era a ex-primeira-dama Marisa Letícia, falecida em fevereiro.