A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou, na última segunda-feira (14), que a sua legenda não cogita a possibilidade de apoiar a candidatura à reeleição do atual presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), devido ao fato de o PSL – partido do presidente Jair Bolsonaro – estar ao lado do democrata. Atualmente isolado das articulações pela presidência da Casa e por posições na Mesa Diretora e nas comissões permanentes, o partido iniciou movimentos para a criação de um bloco parlamentar e esteve, ontem pela manhã, com os presidentes do PSB, Carlos Siqueira, e do PSOL, Juliano Medeiros, em Brasília.
“Queremos construir um bloco e uma articulação com os partidos da centro-esquerda. Essa é a nossa prioridade e, obviamente, estamos abertos a conversar com todos que primam pelo respeito ao Parlamento e às forças políticas”, declarou Gleisi. Através de sua conta no Twitter, o deputado federal José Guimarães (PT) afirmou que a iniciativa de trabalhar na formação do bloco partiu da coordenação da bancada petista na Câmara e defendeu que, “ainda que existam divergências, é fundamental a unidade da esquerda e do centro”.
A princípio, os partidos de esquerda pensavam em apoiar a candidatura de Maia, mas a parceria com a maior parte deles deu para trás depois que o PSL – partido que possui a segunda maior bancada da Câmara, com 52 parlamentares – se uniu ao democrata. Em reunião realizada na última semana, uma grande parcela dos deputados do PSB mostrou-se contrária à aliança com o atual presidente da Casa. Parceiro do PSB em um bloco de oposição a Bolsonaro na Câmara que conta ainda com a presença do PCdoB, o PDT caminha para o apoio à reeleição de Maia. Comunistas reúnem-se hoje para definir posição sobre o tema.
Presidente estadual do PDT e um dos principais defensores da candidatura de Maia em Pernambuco, o deputado federal Wolney Queiroz vê como natural a decisão do partido de apoiar Maia. “O problema, mesmo no PSB, que tende a não apoiar Rodrigo Maia, não é o Rodrigo, mas a chegada do PSL. Depois que o PCdoB tomar sua decisão, é que os três partidos vão discutir para saber o encaminhamento que será dado”, afirmou.
Vice-presidente nacional do PSB, o governador Paulo Câmara foi questionado a respeito deste tema e preferiu ser cauteloso ao elaborar a resposta, afirmando que qualquer decisão do PSB será tomada em consonância com o restante do bloco opositor. “A gente (PDT, PCdoB e PSB) tem uma pactuação de tentar chegar junto e isso vai ser construído ao longo da semana. Há uma ansiedade em torno da eleição da Câmara, mas ela só vai ser em 1º de fevereiro. Primeiro, o PSB vai conversar com o PDT e o PCdoB”, cravou.
Oficialmente, Rodrigo Maia tem o apoio de 12 partidos. Em campanha, na quinta-feira (17) o democrata encontra-se em Pernambuco com Paulo Câmara, onde também deve reunir-se com a bancada federal.