Novos vazamentos sugerem que Lava Jato buscou provas contra Gilmar Mendes

Diálogos entre procuradores da força-tarefa indicam que investigação tinha intenção de colher provas na Suíça contra o ministro
JC Online
Publicado em 06/08/2019 às 14:50
Diálogos entre procuradores da força-tarefa indicam que investigação tinha intenção de colher provas na Suíça contra o ministro Foto: Foto: Agência Brasil


Em parceria com o site The Intercept, o portal El País publicou, no início da tarde desta terça-feira (6), uma reportagem sobre supostas mensagens trocadas entre procuradores da Operação Lava Jato. Desta vez, os supostos diálogos indicam que a força-tarefa liderada por Deltan Dallagnol se mobilizou para coletar dados e informações sobre o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, com o objetivo de pedir sua suspeição e até seu impeachment. 

A série Vaza Jato teve início no dia 9 de junho, divulgando supostas mensagens trocadas em um aplicativo de conversas entre procuradores da operação e também o ex-juiz Sergio Moro. Os veículos optaram por publicar as mensagens da forma como foram escritas, com abreviações e até possíveis erros de digitação. De acordo com as mensagens publicadas nesta terça, a partir da prisão de Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, apontado pela Polícia Federal como operador do PSDB, os procuradores planejaram acionar investigadores na Suíça em busca de provas contra o ministro Gilmar Mendes. 

“É uma violação grave do devido processo legal”, afirmou o procurador da república Celso Três, que atuou no caso Banestado, e foi ouvido pela reportagem do El País. Celso disse ainda que fica clara a perseguição a Gilmar Mendes já que os procuradores demonstram intenção de desviar a finalidade da investigação ao querer buscar ligação de Gilmar com Paulo Preto para serem usadas contra o ministro do STF. 

A Lava Jato não poderia apurar fatos ligados a um integrante da Corte superior e, como indicam as supostas mensagens, Deltan Dallagnol e sua equipe teriam planejado fazer de forma que parecesse acidental. Em um dos trechos das mensagens apontadas como diálogos entre Dallagnol e o procurador Antonio Carlos Welter, Deltan frisa que não poderia parecer que investigaram Mendes. “E nós não podermos dar a entender que investigamos GM”, disse. “Caso se confirme essa unha e carne, será um escândalo”, afirmou em sequência sobre a relação próxima entre o ministro e o operador do PSDB. “Vale ver ligações de PP pra telefones do STF”, teria sugerido Deltan Dallagnol, que receberia um alerta de Welter: “Mas cuidado pq o stf é corporativista, se transparecer que vcs estão indo atrás eles se fecham p se proteger”, disse o procurador Paulo Galvão. Dias depois, a operação descobriria que o ex-senador tucano Aloysio Nunes ligou para o gabinete de Mendes no dia da prisão de Paulo Preto. 

Plano que ficou no papel 

As mensagens indicam ainda que o coordenador da força-tarefa, além de planejar solicitar aos suíços informações que comprovassem uma ligação de Gilmar Mendes com Paulo Preto, também teria pedido a um assessor que levantasse as decisões de Gilmar Mendes no STF para produzir um documento mostrando “eventuais incongruências [de Mendes] com os casos da Lava Jato”, mas os colegas teria ponderado e a ideia não teria saído do papel.

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