A revista Istoé publicou, nesta sexta-feira (25), uma reportagem em que acusa o "clã Bolsonaro" de orquestrar milícias digitais, boicotes a membros no PSL e ter usado recursos públicos para pagar despesas de cunho particular. A publicação afirma que a maioria destas ações foram provocadas por uma tentativa de tomar o poder do partido pela família Bolsonaro. A revista expõe que a lua de mel de um dos filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), foi paga com dinheiro do Fundo Partidário Eleitoral. Além disso, a publicação alega que interlocutores de dentro do partido afirmam que as brigas recentes entre membros do partido foram motivadas, justamente, pelo controle do diretório nacional, onde a distribuição do chamado "fundão" é feita.
A publicação alega que Antônio Rueda, vice-presidente nacional do PSL, teria dito não aguentar mais receber telefonemas da advogada de Eduardo solicitando verba do fundo. Ainda segundo a revista, o dinheiro solicitado teria sido usado para pagar a viagem de lua de mel de Eduardo, que casou no dia 25 de maio, e para compras de carros blindados para a família.
A revista firma que o fundo eleitoral do partido para as eleições de 2020 e 2022 é estimado em R$ 500 milhões. A briga entre os membros teve como ápice o Delegado Waldir (PSL-GO), depois de ter sido deposto do cargo de líder da legenda na Câmara dos Deputados, afirmando que iria "implodir o presidente" e a deputada Joice Hasselmann, retirada do posto de líder no Congresso, ameaçar a família dizendo que sabia que eles tinham feito "no verão passado".
Na reportagem, o Delegado Waldir afirma que a intenção dos Bolsonaros é tomar o poder do partido na "mão grande" e que a operação realizada pela Polícia Federal (PF) contra o presidente da sigla, Luciano Bivar (PSL-PE), foi uma forma de retaliação. A operação mirava acusações de candidaturas laranjas do partido em Pernambuco. Waldir disse estranhar o fato de o ministro do Turismo, Alvaro Antônio, não ter sido indiciado na mesma operação, já que ele também foi denunciado pelo mesmo crime.
Também destituída de sua função, a deputada Joice Hasselmann passou a acusar a família Bolsonado de supostos crimes cometidos. Alegando que foi retirada do cargo por ter assinado a lista em favor do Delegado Waldir, ela afirmou que os três filhos do presidente têm assessores parlamentares, pagos com dinheiro público, que agiriam como milicianos digitais. Os tais parlamentares seriam responsáveis de alimentar, pelo menos, 21 perfis no Instagram, 1500 páginas no Facebook e centenas de contas no Twitter. A deputada alega que estes perfis foram responsáveis por atacar opositores e desafetos do presidente.
A revista diz ter confirmado as acusações de Joice e que esse grupo, na verdade, teria membros por todo País. Tal organização seria chefiada por Dudu Guimarães, assessor parlamentar de Eduardo Bolsonaro. A publicação diz que Dudu é o responsável pelo falso perfil Snapnaro, e outros perfis, igualmente falsos, comandados pelos Bolsonaros – como Bolsofeios, Bolsonéas e Pavão Misterioso.