Igor Maciel, titular da coluna Pinga Fogo*
Um dos ônus no cultivo de um antagonismo político é a bipolaridade. Dividir o mundo em “nós contra eles”, “bandidos e mocinhos”, além de ignorar nuances da natureza humana, entrega aos ex-aliados um só caminho: a trincheira inimiga. Todos os ex-amigos de Bolsonaro tornam-se inimigos e isso é um sério problema na política, onde fechar portas é fechar os olhos para a sobrevivência.
Quase todos os problemas nos quais o presidente se envolveu, ou foi envolvido, partiram de quem ele afasta por discordância ou para inflar as redes sociais. Ser “mito” no Twitter, ter que esculhambar alguém todo dia para ganhar seguidores, tem preço. Reclamar do casaco em dia de sol faz você morrer quando o inverno chega.
Bolsonaro já brigou com a imprensa, com a PF, com o PSL, com Moro, com o governador do RJ, com o Congresso e com o STF. Após destratar todos, quando algo como uma participação em assassinato surge, porque quanto mais inimigos você tem, mais acusações terá, verdadeiras ou não, ao precisar de apoio político, quem vai lhe defender com sinceridade?
Algum apoiador pode dizer que a verdade protege. É justo. Mas Bolsonaro é humano, ainda. E se ocorrer de a verdade estar contra ele em algum momento, como vai ser? O Brasil afunda junto?
*Igor Maciel é titular da coluna Pinga-Fogo, do Jornal do Commercio
O presidente Jair Bolsonaro e um grupo de 23 parlamentares do PSL acionaram nesta quarta-feira, 30, a Procuradoria-Geral da República (PGR) para pedir o afastamento do atual presidente nacional da sigla, o deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE), e a suspensão dos repasses ao partido de recursos públicos do Fundo Partidário. O episódio marca mais uma ofensiva do presidente e de uma ala de deputados do PSL contra a atual direção do partido.
O Ministério Público do Rio de Janeiro confirmou que o porteiro que envolveu o nome do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na morte da vereadora Marielle Franco mentiu em depoimento à Polícia Civil. Segundo disse a promotora do do MPRJ, Simone SibilioRJ, chefe do Grupo de Atuação Especial do Combate ao Crime Organizado (GAECO), em entrevista a jornalistas, quem autorizou a entrada de Élcio de Queiroz no condomínio do presidente foi Ronnie Lessa, suspeito de ter feito os disparos.
Uma reportagem do Jornal Nacional, da emissora Globo, exibida na noite da última terça-feira (29), se baseou no depoimento de um porteiro do condomínio onde o presidente tem casa no Rio. Mais cedo, um investigador relatou à Veja que suspeitava de mentira.