Polícia apreende computador do condomínio de Ronnie Lessa para perícia do caso Marielle

Intenção da apreensão é para periciar o sistema de gravação do interfone do condomínio
JC Online
Publicado em 07/11/2019 às 21:02
Marielle e Anderson foram assassinados no dia 14 de março de 2018 Foto: Foto: Reprodução


Um computador na administração do condomínio do presidente Bolsonaro (PSL) foi apreendido na manhã desta quinta-feira (07) pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. O presidente da República morou no condomínio Vivendas da Barra até o fim do ano passado. O objetivo desta apreensão é para realizar uma perícia no sistema de gravação do interfone do local para auxiliar nas investigações do assassinato da vereadora do PSOL, Marielle Franco, e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018. No condomínio, também morava o policial militar aposentado Ronnie Lessa, acusado de ser o executor do crime.

Recentemente, o Ministério Público do Rio de Janeiro foi noticiado pela Procuradoria-Geral da República sobre a probabilidade de prosseguirem no estado as investigações sobre os mandantes do crime depois da citação ao nome de Bolsonaro no inquérito, na semana passada.

A equipe da Divisão de Homicídios e do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) passaram cerca de duas horas para realizar a apreensão no condomínio. Os peritos vão analisar se aconteceu alguma alteração no sistema de gravação de chamadas entre a portaria e as casas do local. O objetivo da ação é de esclarecer todo o contexto sobre a autorização de entrada do ex-policial militar Élcio de Queiroz, que também é acusado no crime.

Segundo a perícia do Ministério Público do Rio de Janeiro, um dos arquivos desse sistema mostra Ronnie Lessa autorizando a entrada de Élcio. A análise foi usada pela Promotoria para contradizer o depoimento de um porteiro, que apontou Bolsonaro, da casa 58, como o responsável por liberar a entrada do acusado.

Numa planilha manuscrita de controle de entrada do edifício, consta a unidade 58 como quem autorizou a entrada. A coluna que registra o nome da pessoa que permite a entrada está em branco.

Alteração

Segundo informações, a perícia do MP não avaliou a possibilidade de haver alguma alteração no material, como, por exemplo, acontecer de alguém apagar ou renomear algum arquivo antes da entrega às autoridades. A mídia com a gravação foi entregue à Polícia Civil no último dia 07 de outubro pelo síndico do condomínio de Bolsonaro. Nela, estavam os arquivos referentes aos meses de janeiro, fevereiro e março de 2018.

No dia 07 de outubro, o porteiro foi ouvido. Ele foi interrogado dois dias depois, reafirmando o relato inicial, que envolvia o presidente da República. O objetivo principal da análise dos arquivos entregues pelo síndico do prédio é confirmar se é de Ronnie Lessa a voz que autoriza a entrada do ex-policial militar Élcio Queiroz.

Os questionamentos das promotoras aos peritos não incluem perguntas sobre a possibilidade de alteração no material. O nome do arquivo é que indica qual casa recebeu a ligação da portaria. O documento indica, também, que os técnicos não tiveram sequer algum acesso ao computador de onde foram retirados os dados.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Criminalística, Leandro Cerqueira, não é possível identificar se um arquivo foi apagado ou renomeado sem ter acesso às máquinas que eles foram gravados. “A edição pura e simples, se cortou alguma coisa, dá pra fazer [apenas com a cópia]. O arquivo pode não estar editado, mas pode ter sido trocado. Para ver se não foi alterada a data ou qualquer outra coisa nesse sentido, tem que ter acesso ao equipamento original. A perícia vai lá, faz um espelho, e pericia o espelho, para garantir a idoneidade da prova”, afirmou Cerqueira.

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