A reportagem da repórter Ciara Carvalho, do JC, que mostra a existência de 424 obras inacabadas ou atrasadas em Pernambuco repercutiu nesta segunda-feira (28), no plenário da Assembleia Legislativa. Com o jornal nas mãos, a deputada estadual Priscila Krause (DEM) criticou a situação e classificou o caso como "um escândalo com o contribuinte". A lista das obras, que inclui ações do Governo do Estado e de várias prefeituras, foi levantada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). Juntos, esses projetos estão orçados em R$ 4 bilhões e 40% desse recurso já foi teria sido pago.
"Se não houver um trabalho conjulgado de todos os atores políticos, isso aqui, que é um verdadeiro escândalo, 424 obras paradas é um escandâlo com o contribuinte, com o desperdício do dinheiro público. Se não tiver o envolvimento de todos nós, os 49 deputados, mais as prefeituras responsáveis e mais o governo do Estado, isso não irá virar realidade. E nós precisamos que isso vire realidade", afirmou a parlamentar.
No plenário da Assembleia, Priscila disse que não queria apenas fazer uma crítica, porque ela seria muito fácil, mas convocar o governador Paulo Câmara, os prefeitos e os 49 deputados estaduais pra se unirem em uma força-tarefa para tentar viabilizar os projetos que estão parados.
"Não dá para brincar de lançar projeto novo, de prometer soluções mirabolantes para qualquer que seja o problema, enquanto não se mostrar a capacidade efetiva de se transformar em realidade o que está parado nos projetos, no papel e no chão do território pernambucano. Não dá para querer inventar a roda. Não dá para querer fazer projetos de milhões de reais, quando esse aqui você não consegue tirar do papel", disparou a deputada.
PLANILHA - Ao discursar após a democrata, o deputado Edilson Silva (PSOL) afirmou que parte da explicação para as obras paradas pode ser encontrada na planilha da Odebrecht vazada na semana passada que mostra uma lista com mais de 200 políticos, inclusive de Pernambuco, que teria recebido dinheiro da empreiteira. Segundo o deputado, Pernambuco virou uma espécia de quintal da Odebrecht, já que a empresa se envolveu em vários projetos no Estado como a Arena Pernambuco, a PPP da Compesa e o Presídio de Itaquitinga.
Pré-candidato a prefeitura do Recife, Edilson cobrou também uma posição do prefeito Geraldo Julio (PSB) sobre os R$ 3 milhões que a Odebrecht relaciona a ele na planilha. "É preciso que o senhor Geraldo Julio, prefeito da cidade do Recife, venha a sociedade se explicar. Dizer pelo menos um não, que o nome dele não está envolvido, e que é uma mentira. Mas nem esse sinal de respeito o prefeito vem tendo com a nossa sociedade", reclamou.
GOVERNO - À imprensa, o líder do governo na Casa, Waldemar Borges (PSB), defendeu que o temas das obras paradas e recorrente no Brasil. "O que a gente vive é esse desfinanciamento do setor público. É o setor público quebrado, sem poder fazer frente às suas obras. Aqui em Pernambuco a gente tem tido todo o cuidado e muita preocupação de dar andamento a maior parte delas, ou aquelas que têm uma relação mais direta com as necessidades mais essenciais da população, como saúde, educação e etc", afirmou. Ele também disse que outro problema foi a falência de empreiteiras envolvidas no escândalo do "Petrolão".
"Do ponto de vista de Geraldo Julio, ele já colocou uma nota. Está absolutamente tranquilo e transparentemente coloca a prestação de contas dele à apreciação de qualquer pessoa, como já colocou à disposição dos próprios órgãos que ficalizam esse assunto e que aprovaram a prestação de contas dele", defendeu ainda.