Uma reunião na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) esta mostrou que o governo pode ter dificuldade no Legislativo se optar por privatizar a Copergás. Além da oposição, deputados governistas fizeram questão de registrar que votariam contra uma eventual proposta de vender a empresa. A resistência partiu de Aluísio Lessa (PSB), presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Alepe; de Rodrigo Novaes (PSD), vice-líder do governo no Legislativo; e Terezinha Nunes (PSDB).
Hoje, 51% da Copergás pertence ao Estado e o restante é dividido entre a japonesa Mitsui e a Gaspetro, subsidiária da Petrobras.
O BNDES deve homologar “a qualquer momento” o consórcio que fará o estudo de viabilidade de privatização da Companhia Pernambucana de Gás (Copergás). A Ernst & Young e a Deloitte Touche Tohmatsu ofereceram os menores valores para fazer a avaliação. Quando os contratos de R$ 4,7 milhões forem assinados, o diagnóstico e a modelagem da proposta para desestatizar a companhia de gás começarão a ser elaborados.
O consórcio terá um prazo de seis meses para concluir os estudos que serão levados pelo BNDES ao Governo de Pernambuco, a quem caberá divulga-lo. Se a modelagem proposta for aprovada pelo governo, o processo do leilão de desestatização terá início. Ele inclui a realização de audiências públicas, aprovação do processo pelos respectivos tribunais de contas e publicação do edital com o cronograma do leilão, explica o BNDES. O Estado também poderá pedir ajustes ou rejeitar a proposta.
Em setembro, o governador Paulo Câmara (PSB) admitiu a possibilidade de privatizar a Copergás, mas disse que só negociaria uma venda da empresa após o fim da crise econômica.Assessor institucional da Copergás, Marcelo Barradas Carneiro afirmou na Alepe que a privatização não está na pauta do dia-a-dia da empresa, ressaltando que essa discussão cabe aos sócios.
“Tenho certeza que não está no radar do governo privatizar. E como deputado, como economista de formação e presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, naturalmente vindo esse encaminhamento para cá, eu votarei contra privatizar uma empresa que gera lucro e é uma ilha de excelência no Estado”, avisou Aluísio Lessa. “Esta Casa Legislativa, junto com a sociedade, não concebe sequer a hipótese de a Copergás ser privatizada e entregue ao setor privado”, defendeu Novaes.
A oposição tem usado a possibilidade de venda da empresa para criticar o governador Paulo Câmara. Na oposição ao ministro de Minas e Energia, Fernando Filho (sem partido), Paulo e O PSB têm capitaneado o movimento contra a privatização da Eletrobras e da Chesf pela União. Ontem, manifestantes portavam na Alepe cartazes com a frase “Governador Paulo Câmara incoerente”.
Líder do governo, Isaltino Nascimento (PSB) disse que não há no Executivo nenhuma ação voltada para a ideia de vender a empresa estadual. “Essa é uma discussão não está posta. Não tem discussão de privatizar a Copergás. Foi chamada uma discussão aqui pelo sindicato e o governo participou. Mas esse tema está fora da pauta”, garantiu o socialista. “A empresa é pública, tem capital privado, pela legislação das SAs, ela tem que fazer uma atualização do seu patrimônio. Foi um procedimento normal, formal, administrativo”, justificou, sobre o estudo em andamento no BNDES.
A oposição ainda não está convencida de que a companhia não será vendida. Teresa Leitão (PT), quer chamar agora o vice-governador Raul Henry (PMDB), secretário de Desenvolvimento Econômico, para uma audiência pública sobre o tema no Legislativo. O líder da oposição, Silvio Costa Filho (PRB), disse que não está descartada a criação de uma frente parlamentar contra a desestatização da empresa.