A Segunda Câmara do Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE) homologou nesta quinta-feira (25) a Medida Cautelar expedida pelo conselheiro Dirceu Rodolfo de Melo Júnior, em outubro do ano passado, que determinou a suspensão do contrato da Prefeitura de São Lourenço da Mata com a empresa Esfera Construtora Construções, responsável por realizar serviços de limpeza urbana no município.
O conselheiro, que é relator das contas de São Lourenço do exercício de 2017, expediu, no dia 11 de novembro, duas medidas cautelares suspendendo os efeitos dos contratos com essa empresa e outra na área de transporte escolar, esta segunda ainda não homologada pela Segunda Turma. A gestão municipal ficou proibida de efetuar novos pagamentos as essas duas empresas. Outra Cautelar já havia sido expedida referente a suspensão do contrato com uma clínica médica para a realização de exames ginecológicos.
Na época, o prefeito São Lourenço, Bruno Pereira (PTB), estava afastado do cargo. Ele é alvo da Operação Tupinambá, deflagrada pela Polícia Civil em setembro de 2017 para investigar suposto esquema de desvio de bens e verbas públicas na Prefeitura do município. Coube ao prefeito em exercício, Gabriel Neto (PRB), vice de Pereira, cumprir a determinação do TCE e tomar todas as medidas necessárias para que nenhum serviço seja descontinuado na cidade.
No dia 16 de janeiro, o desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) Alberto Nogueira Virgínio determinou a volta de Bruno ao cargo. O vice-prefeito Gabriel Neto (PRB), com quem Bruno estava rompido desde o início da gestão.
A empresa que teve o contrato suspenso foi contratada em caráter emergencial, com dispensa de licitação, pelo período de 180 dias. Depois de terminado o prazo, o prefeito Bruno Pereira não fez uma nova licitação e prorrogou o contrato por meio de aditivos.
Segundo o TCE, a Esfera Engenharia seria de fachada, com apenas dois empregados, e teria praticado o sobrepreço do produtos.
O ex-prefeito e pai do atual prefeito, Jairo Pereira, seria o controlador dessa empresa, que tem o maior contrato com o município, de R$ 3.957.000,00 no período de seis meses, afirmam testemunhas ouvidas no processo contra o gestor.
Por meio de nota, a Prefeitura de São Lourenço disse não ter sido notificada pela homologação da Medida Cautelar, mas que entende que trata-se de um trâmite normal do TCE avaliá-la em segunda instância. Segundo a prefeitura, o contrato foi feito com dispensa de licitação "justamente por conta desse caráter emergencial" no início da gestão.
"A Prefeitura de São Lourenço informa que não foi notificada de forma oficial sobre o referido tema. Mas entende que faz parte dos trâmites do TCE avaliar em segunda instância a medida cautelar que suspende o referido contrato, que foi feito de forma emergencial, com dispensa de licitação (justamente por conta desse caráter emergencial), no início da gestão (jan/2017)".