Remarcada para esta quarta-feira (20), a candidata do PSL Lourdes Paixão voltou à sede da Polícia Federal no Recife para depor sobre o recebimento R$ 400 mil de verba pública eleitoral na última eleição. Segundo Ademar Rigueira, advogado de Lourdes, a saúde da mãe da candidata afetou diretamente a sua campanha.
"Ela teve um grande problema que foi o estado de saúde da mãe dela, que se internou, e perto da campanha ficou em home care na casa dela. E logo depois da campanha, a mãe faleceu. E isso desestimulou", explicou o advogado.
Ademar ainda explicou que o repasse feito quatro dias antes da eleição foi um dos principais fatores para a falta de visibilidade da campanha. "Uma ação discutida no Supremo estava estudando essa possibilidade, mas o Supremo só veio decidir isso muito próximo a campanha. Isso dificultou muito a campanha dela", completou.
Quando questionado sobre onde era localizada a gráfica e por que não foi encontrado as máquinas de impressão no local, Ademar ressaltou que houve mudanças de localização e faltou comunicação sobre isso.
"A gráfica existe e aí foi um grande equívoco de reportagem que saiu. Eu não sei a precisão o endereço da gráfica, mas ela é extremamente conhecida, ela presta serviço ao Ministério Público do Estado. No próprio inquérito aqui já está relacionado em diversas instituições federais que prestam serviço nessa gráfica. Você chegou a ver o material da campanha de Bolsonaro aqui em Pernambuco? De Luciano Bivar? Acredito que ninguém viu. E isso foi distribuído", questionou aos jornalistas presentes no local.
O advogado ainda acrescenta que a gráfica chegou a realizar campanhas de diversos deputados do estado de Pernambuco. "A gráfica existe. Ela é grande, prestou serviço na campanha de vários deputados aqui de Pernambuco, basta ver no site do Tribunal Eleitoral de Pernambuco", acrescentou.
Lourdes Paixão recebeu R$ 400 mil de verba pública eleitoral doada pelo PSL nacional nas eleições de 2018, mais do que o repassado para a campanha de Jair Bolsonaro à presidência. A candidata ainda obteve 274 votos nas eleições de 2018.
Candidata a deputada federal na última eleição, a secretária do PSL ficou conhecida após uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo revelar que a sua campanha recebeu R$ 400 mil de contribuição da direção nacional da legenda e apontar a suspeita de que ela tenha sido uma candidata “laranja”.
O dinheiro foi enviado, segundo a Folha, no dia 3 de outubro, quatro dias antes da eleição. Desse total, Lourdes Paixão gastou 95% em uma gráfica para a impressão de 9 milhões de santinhos e cerca de 1,7 milhão de adesivos. Ela só recebeu apenas 274 votos. Questionada, a candidata não informou o motivo do repasse e de ter sido escolhida para disputar o cargo.
Além disso, afirmou não se lembrar do nome do contador que aparece na declaração. “Recebi um valor expressivo do partido, mas acontece que quando eu vim a receber já era campanha final, entendeu, e não deu tempo para eu meu expandir”, disse. À Folha, o presidente nacional do PSL, deputado federal Luciano Bivar, atribuiu a decisão sobre o dinheiro ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno.
Em meio a denúncias de irregularidades em candidaturas do PSL nas eleições de 2018, o presidente da sigla, deputado Luciano Bivar, visitou o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. Na saída, o parlamentar evitou falar com a imprensa e disse que foi um "almoço cordial". Nos corredores do Planalto, cresce o movimento para que Bivar deixe a presidência do partido de Bolsonaro.
Fundador do PSL, Bivar se licenciou temporariamente no ano passado da presidência nacional da legenda, que foi assumida por Bebianno, então coordenador da campanha de Bolsonaro. Bivar, então, colocou seu advogado, Antônio de Rueda, no comando do partido em Pernambuco. O diretório estadual está envolvido em suspeitas de uso de candidaturas laranja para desvio de dinheiro do fundo eleitoral na última eleição.
Nesta quarta-feira (20), Bivar, negou que esteja avaliando deixar o partido ou que tenha sido incentivado a sair da legenda após a última crise envolvendo o Palácio do Planalto e de denúncias sobre supostas candidaturas laranjas pelo PSL em seu Estado. "Não penso em deixar o partido", disse o deputado a jornalistas.
Em entrevista à Jovem Pan, na última terça-feira (19), o ex-ministro Gustavo Bebianno, exonerado da Secretaria-Geral da Presidência da República nessa segunda-feira (18), falou sobre a divulgação de áudios trocados entre ele e o presidente Jair Bolsonaro (PSL) por meio do WhatsApp.
Ao comentar o caso das supostas candidaturas laranjas em Pernambuco, Bebianno disse que confia no presidente nacional do PSL, o deputado Luciano Bivar (PE). "Não acredito que Bivar tenha cometido qualquer irregularidade. Afirmo isso por conta de raciocínio logico. Bivar é um empresário bem sucedido. Eu confio em Bivar e acredito que ele tenha agido de acordo com a lei".
Segundo o ex-ministro, que foi presidente interino do PSL durante as eleições, Bivar acumulou dinheiro nos caixa do PSL. De acordo com ele, na conta do PSL Mulher, tinha cerca de 1,2 milhão.