O sistema de saúde no Rio de Janeiro está prestes a colapsar; no Sul, várias cidades estão sem vagas nos hospitais e o sistema também colapsou. Em Pernambuco, a ocupação nas UTIs chegou a 95%.
Colapso é quando acabam as vagas de UTI e o número de pacientes precisando de internação é maior do que as vagas existentes.
Significa, diretamente, pessoas tentando respirar e sem conseguir, porque não há equipamentos e equipes de saúde para atendê-las.
A sensação de tentar respirar e não conseguir é algo que se pode chamar de colapso.
Dos principais significados no dicionário para "colapso", além das referências médicas, duas chamam atenção para o momento atual, ambas no sentido figurado: diminuição súbita de eficiência ou derrocada, desmoronamento e ruína.
Nada dizem esses termos sobre saúde, diretamente, mas representam bem a gestão brasileira da crise.
Sufocamento, asfixia, ausência de eficiência, derrocada, desmoronamento e ruína. Talvez alguém entenda que não é motivo para um impeachment, porque o impeachment é político e o ambiente político está respirando bem e bem nutrido depois que Bolsonaro liberou cargos e verbas para o Centrão.
Mas chegou a hora de pensar se não é o caso de afastar Bolsonaro da gestão da pandemia. Sim, isso é possível e vem sendo conversado entre governadores, deputados, senadores e até o próprio ministro Pazuello.
Porque se o colapso gerencial fosse apenas por inaptidão, estaríamos diante de alguém que se enxerga aprendiz e, por isso, confia nos mais experientes.
Bolsonaro, ao contrário, acredita que está para dar aulas e o faz sem nenhum tipo de preparo.
Além disso, tem contribuído significativamente para que a situação não melhore, como um professor equivocado que não aceita que a realidade lhe prove o contrário do que preconiza. Para não ficar mal ante a plateia.
O Congresso e o próprio ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, já estariam se articulando para afastar Bolsonaro das decisões e assumir a gestão da pandemia diretamente.
É mais ou menos como se o presidente fosse interditado parcialmente. Ele fica desautorizado a tomar qualquer decisão sobre a crise. É uma medida extrema, que pode gerar consequências. Inclusive fazer com que ele diga que não tem responsabilidade pelas mortes por ter sido desautorizado, como já fez antes.
Bolsonaro já costuma dizer que não tem responsabilidade. Agora, vai ser de verdade. Vale a pena, desde que se salvem vidas.
Medidas extremas são necessárias em situações as quais se pode chamar de colapso.