Esta quarta-feira (26) guarda definições importantes sobre o futuro da CPI da Covid e isso inclui Pernambuco. Se for aprovada a convocação, o ex-prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), terá que comparecer à comissão para dar explicações sobre as compras de equipamentos e insumos feitas pela gestão que ele comandava.
O curioso é que o requerimento não foi feito por um membro da tropa de choque bolsonarista. A solicitação para que se coloque o socialista na cadeira de depoente, na CPI, veio do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
Vieira tem sido o mais destacado entre os parlamentares que compõem a comissão, apesar de integrá-la como suplente. Investigador policial, antes de ser político, está atento aos crimes cometidos no enfrentamento à covid, tanto quanto aos interesses de todos os lados.
Um detalhe que chamou atenção em Pernambuco: ele é líder do partido de Daniel Coelho (Cidadania), deputado federal e adversário local do PSB.
A convocação é mais um desdobramento das investigações da Polícia Federal que, em parte, se iniciaram com a atuação do procurador do Ministério público de Contas, Cristiano Pimentel, acusado pela equipe de Geraldo, na época, de "tentar fabricar suposto escândalo".
Até agora, apesar de seu ex-secretário de Saúde, Jailson Correia, ter sido indiciado pelo Ministério Público Federal, Geraldo vinha escapando das conexões diretas com a investigação, como se não tivesse qualquer responsabilidade, apesar de ser o prefeito.
Agora, caso a convocação seja aprovada, terá que responder pessoalmente às acusações. E o pior, por estar logo na primeira lista, com outros 11 prefeitos e nove governadores, os senadores bolsonaristas farão de tudo para pressioná-los, já que estavam em desvantagem, até agora, apenas defendendo o governo de ataques.
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Como é o principal nome do PSB, hoje, para ser candidato ao Palácio do Campo das Princesas, a convocação pode acabar sendo trágica eleitoralmente para o PSB.
A exposição dos dados apurados na investigação da PF, com indícios de fraudes nas compras durante a pandemia, tendo o ex-gestor do Recife e atual secretário de Desenvolvimento do Estado sentado tentando dar explicações para um grupo de parlamentares ávido por um massacre, vai aumentar a pressão de aliados, que já não gostam muito de Geraldo, sobre o PSB. Isso é certo.
Um socialista, em reserva, comenta que a convocação, se for aprovada, só poderá ser "ruim ou muito ruim", invariavelmente. "Dificilmente virá algo de bom nisso", reclama.