Em 2017, o senador Fernando Bezerra Coelho, que tinha acabado de entrar no MDB, resolveu que assumiria o comando do partido em Pernambuco.
Esqueceu de combinar com Jarbas Vasconcelos (MDB), deputado federal na época, e com Raul Henry (MDB), que era vice-governador do Estado, além de presidente regional da sigla.
A briga foi grande. Jarbas acusou o senador de traição, em discurso na Câmara.
FBC acusou Jarbas de cinismo em resposta, no Senado.
Em nota enviada por Raul à imprensa, na época, FBC era acusado de usurpação. "Não permitiremos que usurpem a nossa história de mais de 50 anos de luta e de resistência", dizia.
O problema entre 2017 e 2018 era o mesmo de hoje. FBC queria ser candidato ao governo do Estado pela oposição e o MDB estava na base do PSB.
Agora, muda o aspirante a candidato, que é o filho, Miguel Coelho (MDB). No cenário, tem outras diferenças também e, por isso, é pouco provável que Miguel tenha sucesso se resolver entrar em litígio.
O presidente nacional do MDB não é Romero Jucá (MDB), como era em 2017/2018. Baleia Rossi, que preside a sigla, tem buscado afastar o partido de Bolsonaro e dos bolsonaristas, tanto quanto pode. Mais que isso, tem feito uma articulação por um grupo que chama de "terceira via", na Câmara e no Senado, incluindo partidos de centro e de esquerda.
Fernando Bezerra Coelho, vale lembrar, é líder de Bolsonaro no Senado.
Tem mais, apesar de estarem integrados ao governo Federal, da mesma forma que estavam em 2017/2018, na época o presidente da República era Michel Temer, também do MDB.
Então, havia uma pressão maior sobre o MDB pernambucano. Isso não acontece agora.
Pelo contrário, o alinhamento com Bolsonaro atrapalha os Coelho.
Antes, Raul e Jarbas não podiam ignorar que o presidente Temer era do partido deles, por mais que fosse mal avaliado. Agora, podem até criticar e usar essa rejeição como justificativa política.
E o principal, na época, tanto Raul quanto Jarbas foram surpreendidos com os movimentos do senador Fernando Bezerra.
Agora, já sabem o que esperar.