Lembra do Conselhão de Lula? Aquele aglomerado de 246 personalidades, cheio de gente sabida e condenada a não ser ouvida pelo presidente da República, será ignorado pela primeira vez esta semana. Alguns de seus representantes fizeram um apelo ao governo para que evite a aprovação da anistia aos partidos políticos que cometeram irregularidades na eleição passada.
A Proposta de Emenda à Constituição está tramitando no Congresso e tem apoio de quase todos os partidos. A PEC é uma aberração. Os partidos políticos receberam quase R$ 5 bilhões de fundo eleitoral para fazer campanha em 2022 e usaram o dinheiro para tudo, até para fazer campanha.
Há casos, já julgados pelo TSE, em que o dinheiro foi usado para comprar carne e equipamentos para uma churrascaria. Outro caso é de um dirigente partidário que teria construído uma piscina com a verba. E estamos falando apenas do que foi comprovado por notas fiscais. Porque, sim, alguém teve a cara de pau de mandar notas fiscais da construção de uma piscina e da montagem de uma churrascaria (de uma ex-esposa de um presidente de partido) como se fossem gastos de campanha regulares.
Ao todo, os partidos foram multados em cerca de R$ 40 milhões. Agora, a proposta que está sendo votada no Congresso é para perdoar as dívidas e anular as multas. Os deputados, integrantes dos partidos políticos, estão votando para decidir se vão perdoar os próprios partidos políticos pelas bizarrices cometidas com dinheiro do contribuinte. O seu dinheiro. O nosso dinheiro.
E por que os integrantes do Conselhão que foram aconselhar o governo Lula contra isso serão ignorados? Porque o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT), também assinou a proposta, concordando com o perdão aos partidos.
Valdemar Costa Neto já deve estar achando que fez um péssimo negócio ao investir dinheiro do seu PL na família Bolsonaro. Primeiro, o ex-presidente ficou tempo demais nos EUA, sem querer voltar para assumir seu posto como principal baluarte da sigla. Depois, o mesmo ex-presidente encrencou com a estratégia de Valdemar que começou a tentar viabilizar Michelle Bolsonaro (PL) como referência no partido e possível “candidata à Presidência da República”.
Valdemar esperava estar viajando o Brasil com Bolsonaro para fortalecer o PL nos municípios visando um crescimento expressivo na eleição de 2024, mas desde que desembarcou no Brasil este ano Bolsonaro só é visto nas páginas policiais e prestando depoimentos em investigações.
De fraude em cartão de vacina, passando por rachadinha, lavagem de dinheiro e uso da máquina pública nas eleições, até incitação a golpe de estado, Bolsonaro está atolado em denúncias e nada indica que terá tempo para viajar e pedir votos por Valdemar.
O PL paga salário, banca um escritório, advogados e uma mansão para a família Bolsonaro, desde o início do ano. O ex-presidente ajudou muito na eleição de 2022 e o PL terminou com a maior bancada federal eleita nas urnas e com muitos senadores.
Mas está começando a ficar caro para Valdemar, que não é conhecido por ser bobo.
O governo Lula (PT) tem algo para comemorar em pesquisas de opinião. O levantamento da CNT trouxe dados positivos para o petista. Dos entrevistados, 43,1% consideram a gestão como ótima ou boa, enquanto 24,6% consideram que o governo é ruim ou péssimo. A pesquisa mostra uma virada no humor dos brasileiros entre o fim do governo anterior e o atual.
Com Bolsonaro, ótimo e bom eram as escolhas de 35%, enquanto 40% consideravam o governo ruim ou péssimo.
Na série de pesquisas da Confederação Nacional dos Transportes repetiu-se o que outros institutos vinham apresentando. Lula é melhor avaliado do que Bolsonaro no início do mandato.
Na primeira pesquisa, em fevereiro de 2019, o ex-presidente tinha 39% de avaliação positiva. Lula aparece com 43% agora. Mas o petista tem avaliação positiva menor do que a que alcançou nas duas primeiras gestões. Em 2003, Lula tinha 45% de aprovação e em 2007 o índice de aprovação era de 50%.
Os presidentes mais mal avaliados em início de mandato foram Dilma Rousseff (PT), em 2015 com 11%. E Michel Temer (MDB), também com 11%, em 2016.