No país que tem 9.200 mil quilômetros de costa oceânica (consideradas as saliências e reentrâncias do litoral) e um dos menores consumo de pescados do planeta, a oferta de produtos prontos para o cozimento em embalagens congeladas virou tendência depois da pandemia, quando o brasileiro entendeu virar chef de cozinha doméstica.
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Segundo o empresário Guilherme Blanke, da Noronha Pescados, a maior empresa do Nordeste de processamento de pescados, além dos peixes tradicionalmente vendidos no período da Pascoa, salmão, bacalhau e camarão deixaram de ser itens de luxo e entraram no cardápio do consumidor pela oferta de embalagens porcionadas que a dona de casa tira da geladeira e faz em poucos minutos.
As embalagens porcionadas em cada vez mais opções elevaram as vendas de peixes e crustáceos em 15%, em 2020.
Mas a aposta da indústria está nos empanados, cujas vendas estão surpreendendo. A empresa de Blanke foi uma das que apostou no nicho dos semiprontos. Ele acredita que os empanados vão representar 25% da venda da sua empresa nos próximos anos, cuja linha deve crescer incluindo a Lula e outros cortes de pescados com garantia de procedência.
Embora o mercado esteja abastecido de pescados normalmente, o empresário revela que existe hoje muita dificuldade nas entregas de embalagens e caixas de papelão, devido à forte demanda nas fábricas e por atrasos nos embarques de containers em todo mundo a partir da China.
SEARA TEM PEIXE, CAMARÃO E LULA
A gigante Seara, do Grupo JBS, está entrando na área de pescados. Numa parceria com a pernambucana Noronha Pescados, incluiu no portfólio a linha de salmão, camarão, mexilhão, lula e kit paella em porções prontas para serem levados ao fogão; mirando as vendas desta Páscoa.
Inicialmente, estão sendo ofertados oito itens congelados, mas a empresa já trabalha no desenvolvimento de uma linha de pratos de pescados empanados prontos e semiprontos.
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DESAFIO É AUMENTAR CONSUMO
Nas últimas décadas, o País evoluiu na produção e na qualidade dos pescados e vem buscando a popularização do consumo com campanhas que ressaltam a importância para o setor e para a saúde.
Segundo o Anuário 2020 da Peixe BR (Associação Brasileira da Piscicultura), em 2019 foram produzidas 722.560 toneladas, com receita em média R$ 5,6 bilhões.
O Brasil é o quarto maior produtor de tilápia, espécie que representa 55,4% da produção do país. Os peixes nativos, liderados pelo tambaqui, participam com 39,8% e outras espécies com 4,6%. Um mercado que gera em torno de 1 milhão de empregos diretos e indiretos.
Assim como outros setores do agronegócio, a piscicultura e a carcinicultura foram duramente afetados pelo fechamento geral da rede de bares e restaurantes, principal canal de vendas de pescados.
Para fomentar o consumo, os produtores se reinventaram e começaram a atender pedidos menores para mercados mais próximos da produção.
Entretanto, mesmo diante dos efeitos negativos da covid-19 e da falta de financiamentos bancários, projeta para 2020, um crescimento de 33,0% (120.000 t), em relação a 2019 (90.000 t).
Na verdade, o grande desafio que o setor, precisa superar para manter as projeções de produção de 2021 (150.000 t) e de 2022 (200.000 t)”.
O volume de camarão processado, com a preparação do camarão sem cabeça (- 35%) e na forma de filé (-50%), reduzindo o volume de camarão comercializado e, aumentando sua vida de prateleira.
O consumo per capita de camarão marinho do Brasil em 2019, incluindo a produção extrativa, foi de 570 gramas/ano.
Com uma produção de 20,7 mil toneladas, o Rio Grande do Norte se manteve como maior produtor de camarão do Brasil em 2019. O dado faz parte da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta quinta-feira (15). O resultado potiguar corresponde a 38,2% de toda a produção nacional.
As 20,7 mil toneladas geraram R$ 555,4 milhões. Ainda de acordo com o IBGE, o volume de recursos representa 46,8% do valor da carcinicultura brasileira.
Na comparação com 2018, houve um crescimento de 5,1% na produção do crustáceo. Esse foi o terceiro ano consecutivo de crescimento.