Para quem achou que a escolha de Marcelo Queiroga para ocupar o cargo de ministro da Saúde se deveu ao fato dele ser afinado com membros da família Bolsonaro, é importante saber que o paraibano, responsável pelos setores de Urgências e Emergências e de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista do Hospital Alberto Urquiza Wanderley, em João Pessoa/PB, é um membro muito ativo na categoria, tanto na Sociedade Brasileira de Cardiologia – SBC, quanto na própria Associação Médica Brasileira – AMB
Queiroga é reconhecido pelo jeito conciliador, por buscar contatos com o governo e políticos, além de ser BEM acessível a jornalistas. Mas para chegar à presidência da SBC, ele teve que bater chapa com o pernambucano Sérgio Tavares Montenegro, candidato da situação por apenas 10 votos.
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E, para isso, ele teve que se juntar com os grandes nomes da cardiologia nacional, a exemplo de Roberto Kalil Filho e Renato Kalil, Leandro Ioschpe Zimerman, além do grupo de médicos do Sírio Libanês e Alberto Einstein e Rede D'OR, entre eles, a jovem cardiologista Ludhmila Hajjar, a quem, já na campanha, Queiroga entregou a tarefa criar a Diretoria de Ciência, Tecnologia e Inovação, implantada na sua gestão.
Três anos depois, Ludhmila Hajjar seria convidada antes dele para o cargo de Ministro da Saúde. E ela só recusou por discordar da abordagem do presidente Jair Bolsonaro para a pasta, além de forte reação da base midiática do presidente que a vinculou ao PT, entre outras acusações.
Ludhmila Hajjar, portanto, faz parte da mesma diretoria que derrubou o grupo da situação de Montenegro, que estava no comando da entidade, chamada de Grupo Pernambuco e Bahia. Sua chapa de oposição saiu vitoriosa no Sul e Sudeste em São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
Na comemoração da vitória, Marcelo Queiroga disse que o seu maior desafio era buscar e construir a reconciliação na SBC diante da divisão que se arrasta há mais de 8 anos.
Ao falar de Ludhmila Hajjar, ele disse que ela teria a missão de fazer avaliação de novas tecnologias e análises econômicas, uma interligação entre a evidência científica e a qualidade da assistência, para contribuir com a sustentabilidade do sistema de saúde do Brasil.
À frente da SBC, Queiroga não parou suas articulações até que no final do ano passado teve seu nome indicado para a Agência Nacional de Saúde Suplementar ANS ao lado de Marcus Vinicius Dias, ortopedista e servidor de carreira do Ministério da Saúde.
Mas Queiroga se aproximou dos Bolsonaro com um discurso puramente classista. “O nossos objetivo é frear a abertura indiscriminada de escolas médicas e a importação ilegítima de médicos cubanos”, disse se referindo a ação ocorrida nos Governos Lula e Dilma.
Já com Bolsonaro na presidência, Queiroga manifestou apoio a várias medidas de sua gestão e obteve a promessa do presidente para a classe médica passaria por critérios mais rígidos de aprovação na questão dos cubanos.
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Ele também pressionou o Conselho Federal de Medicina para não confrontar o Governo Bolsonaro na questão dos medicamentos defendidos pelo presidente embora tenha defendido o uso de medidas preventivas
Outra coisa que chama a atenção no perfil do novo ministro é que ele sempre buscou na sua atuação de classe em fazer parte dos grupos de comando. A única vez que foi para um bate chapa na SBC foi porque não houve consenso que ele defendia.
Foi a dificuldade de fechar uma chapa de consenso que fez o seu grupo se juntar com São Paulo e Minas e derrotar o pernambucano Sergio Montenegro.