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Vai morar em uma nova casa? Saiba como tornar a mudança menos estressante para cães e gatos

Pesquisa apontou que um em cada seis entrevistados mudaram de lar durante a pandemia. Período de mudanças pode ser estressante para os animais, mas é possível adapta-los à nova rotina

Cadastrado por

Katarina Moraes

Publicado em 13/11/2021 às 6:00 | Atualizado em 17/11/2021 às 8:06
A adaptação dos bichinhos de estimação em uma nova casa é possível, por mais que, às vezes, precise de tempo - PIXABAY

Escolha do novo lar, empacotamento de caixas, transporte dos móveis... tudo que envolve o processo de mudança de casa é estressante. E, se é assim para os humanos, que entendem a necessidade desse período, imagine para os pets - que são retirados, de uma hora para outra, do lugar onde estavam acostumados a morar?

Segundo a veterinária comportamental Aina Bosch, animais de estimação são sensíveis até mesmo a alterações de rotina ou de móveis. "É ainda mais significativo, então, se for uma mudança que transforma completamente o universo onde ele vive em algo novo, numa rua nova, num apartamento novo, com disposições e formas diferentes. Além disso, todo o processo que envolve a mudança de uma família pode afetá-lo, como a entrada de muitas pessoas e o movimento de empacotar caixas", explicou.

A jornalista Maria Regina Jardim, tutora de dois gatos, foi morar em um apartamento com quase a metade do tamanho do anterior em abril deste ano, e percebeu que até hoje um dos felinos não se acostumou inteiramente. “O apartamento era grande, eles ficavam super calminhos lá. No novo, percebo que o macho não se sente muito à vontade. Às vezes, fica miando na porta, como se quisesse sair. Já a gatinha não sente nenhum incômodo, nunca reclamou”.

Maria Regina e Milton - CORTESIA

Durante a pandemia, cresceu a importância de abordar esse assunto. Segundo um estudo do QuintoAndar em parceria com a Offerwise, um em cada seis entrevistados mudaram de lar no período. Combinado a isso, um outro dado preocupa. Uma pesquisa produzida pelo Ibope e o Instituto Waltham em 2016 apontou que apenas 41% dos tutores afirmaram que levariam o animal junto caso tivessem que se mudar.

Para evitar que mais abandonos aconteçam, é preciso desmistificar o processo de mudança com pets. A adaptação dos bichinhos de estimação em uma nova casa é possível, por mais que, às vezes, precise de tempo. Confira algumas dicas:

Antes da mudança

O adestrador José Jorge Sales sugere que os tutores levem o pet para conhecer o novo imóvel antes da mudança definitiva, para que ele conheça o cheiro e demarque território. Durante as idas, é recomendável que os tutores mostrem o local correto das necessidades fisiológicas, brinquem com o cachorro e deem os petiscos favoritos. “Os tutores devem possibilitar que os cães façam uma associação positiva com a casa e que entendam que um espaço novo não é necessariamente algo ruim”, explica o adestrador.

Além de evitar que mudanças profundas na rotina do animal aconteçam, os tutores também devem se atentar ao próprio comportamento. A mudança de casa pode ser desgastante e estressante, mas esse nervosismo também pode afetar o comportamento dos pets, tanto durante, quanto depois da mudança.

A veterinária comportamental Roseane Diniz, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), recomenda lavar com sabão e água sanitária, enxaguar, e depois espirrar vinagre de álcool em todas as superfícies e paredes da casa para neutralizar o cheiro de outros animais que possam ter vivido ali. "Isso garantirá a retirada de cheiros de outros animais estranhos a ele, neutralizando odores", afirmou. Além disso, deve-se colocar móveis e objetos do pet.

Durante a mudança

A veterinária comportamental Aina Bosch sugere que os cachorros sejam mantidos na casa de um familiar ou um conhecido "que possa dar um suporte de hospedagem" durante o período da mudança. "O formato ideal é que a transformação na casa aconteça enquanto ele não está no ambiente, para a família se instale no novo lar e, assim, o cachorrinho entre nele já com tudo instalado. Isso estabelece a rotina trazendo o máximo de bem-estar possível para esse animal", disse.

Para os felinos, ainda mais afetados com mudanças, a orientação é outra. "O recurso de tirá-lo do local e deixá-lo em uma hospedagem não é indicado; o ideal é que ele não saia do próprio ambiente. A dica é preservar um cômodo da casa, onde ele mais convive, enquanto toda a mudança ao redor acontece, evitando que ele saia dele para outras áreas da casa", afirmou Aina.

Adaptação pós-mudança

De acordo com José Jorge, apesar de serem territorialistas, o tempo de adaptação dos cachorros não costuma se alongar muito. “Os cães costumam ter um tempo de adaptação rápido em comparação com os gatos. Os felinos demoram um pouco mais e levam, em média, um mês para se estabelecerem em um espaço novo”, comenta o profissional.

Entretanto, durante essa transição, os pets podem desenvolver comportamentos incomuns por conta da ansiedade e estresse, tais como tentar fugir, latir com mais frequência, fazer as necessidades no lugar errado e até destruir coisas. Para lidar com essas situações, os pais do cachorro devem ter paciência e se empenharem na construção de uma rotina acolhedora para o animalzinho.

Maria Regina também adotou algumas estratégias para acalmar o felino. "Eu deixo ele solto pelo hall, para ele cheirar os lugares, agora deixo ele descer na escada para gastar energia, e até comprei uma coleira para passear", contou.

Milton e Martha, os gatinhos de Maria Regina - CORTESIA

Rotina

“Os animais de estimação se adequam muito bem com rotinas, e quando você se muda e há uma alteração no dia a dia, consequentemente, os animais se sentem frustrados e estressados por estarem em um ambiente desconhecido”, comenta o profissional. Sendo assim, apesar da mudança de casa ser uma grande alteração no cotidiano dos cães, é interessante que os tutores busquem minimizar a quebra do cotidiano. Na prática, os pais de cachorros devem, na medida do possível, manter os horários dos passeios e os horários de alimentação do animal.

Outra dica, segundo Roseana, é levá-lo para passear bem cedo, tipo 5h, ou bem tarde, 22h em diante, "para urinar, defecar e arranhar as superfícies". "Isso evitará que ele encontre outros cães antes de deixar seu cheiro. Os animais que passarem depois reconhecerão que um novo indivíduo chegou para dividir o território coletivo."

 

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