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CÉREBRO CANINO

Cães podem reconhecer idiomas diferentes e palavras sem sentido, aponta estudo

O experimento contou com 18 participantes com idade entre 3 e 11 anos

Cadastrado por

Paloma Xavier

Publicado em 06/01/2022 às 16:32
Uma das raças escolhidas para o experimento foi a border collie - PEXELS

Com informações da CNN Brasil


Um estudo analisou atividades do cérebro canino quando exposto a línguas familiares e desconhecidas e chegou a uma conclusão bastante interessante: os cachorros podem reconhecer idiomas diferentes e até mesmo palavras sem sentido.

O experimento contou com 18 participantes. Os cachorros ficaram deitados usando headsets enquanto uma máquina imagética de ressonância magnética examinava suas cabeças.

A proposta do estudo era ver quais partes do cérebro canino seriam “acesas” quando os pets fossem expostos a línguas familiares e desconhecidas ou a discursos naturais e aleatórios.

Primeiro os cães ouviam uma voz feminina recitando em espanhol um seguinte trecho do clássico literário O Pequeno Príncipe: “Só se vê bem com o coração; o essencial é invisível aos olhos”. Depois a mesma frase foi pronunciada em húngaro.

Em seguida, a mesma voz recitou uma série de palavras sem sentido.

Dois dos 18 cães que participavam do experimento eram familiarizados com a língua espanhola, mas não tinham contato com a húngara. Os 16 restantes estavam acostumados com a língua da Hungria, mas nunca tiveram contato com o espanhol.

Já as palavras sem sentido eram desconhecidas para todos os cães participantes.

O resultado mostrou padrões de atividade diferentes no córtex auditivo primário dos cachorros quando palavras sem sentido eram ditas em comparação com quando ocorria o discurso natural.

As imagens também mostraram que áreas únicas do cérebro canino foram ativadas quando a língua desconhecida era falada e quando uma língua familiar era ouvida.

“O fato interessante aqui é que houve diferença na resposta dos cérebros [caninos] à linguagem familiar e à não familiar”, disse Attila Andics, chefe do departamento de etologia da Universidade Eötvös Loránd, em Budapeste, na Hungria, que coordenou o experimento.

O experimento foi um grande passo para a etologia, área que estuda o comportamento animal. “Essa é a primeira espécie não primata que pudemos demonstrar habilidade linguística espontânea - a primeira vez que pudemos localizar isso e ver aonde no cérebro essa combinação entre duas línguas acontece”, disse Andics.

O experimento foi idealizado após a neuroetologista Laura Cuya ter se mudado do México para Budapeste com seu cão Kun-kun.

“Eu só havia falado com Kun-kun em espanhol”, destacou Laura, que é pós-doutoranda em estudos animais na Eötvös Loránd.

A neuroetologista se questionou como seu border collie reagiria à mudança: “Eu me perguntei se ele poderia detectar um idioma diferente”. Então Laura e seus co-autores desenvolveram um estudo para descobrir se os cães identificaram a diferença.

Foram reunidos cinco golden retrievers, seis border collies, dois pastores australianos, um labradoodle, um cocker spaniel e três cães de origem mista.

Todos ele tinham entre 3 e 11 anos de idade e já haviam sido treinados para permanecer quietos dentro de uma máquina de ressonância magnética.

A neuroetologista não deixou seu cão de fora da experiência. “Kun-kun fica feliz em participar - você pode ver uma grande emoção, e ele recebe muita atenção”, disse.

“É importante mencionar que todos os cães estão livres para sair da máquina a qualquer momento”, ressalta. Laura afirma também que os tutores dos animais estavam presentes e que os cachorros estavam “confortáveis e felizes”.

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