Recife perde patinetes elétricos e bicicletas sem estação da Yellow

Publicado em 31/07/2019 às 7:00
Foto: NE10


Sistema que chegou ao Recife em fevereiro operou por menos de seis meses. Operação na capital pernambucana está sendo encerrada nesta quarta-feira (31/7). Foto: Roberta Soares  

 

Durou menos de seis meses a operação das bicicletas compartilhadas dockless (sem estação) e dos polêmicos patinetes elétricos da Yellow no Recife. A empresa está encerrando a operação na capital por questões comerciais. Quem é usuário do sistema – que se diferencia de outros por não exigir uma estação para retirada ou devolução do equipamento – já deve ter percebido a ausência das bikes e dos patinetes amarelos pelo Centro, em Boa Viagem e no Pina, na Zona Sul da cidade. A operação está sendo finalizada por completo nesta quarta-feira.

O Recife não está oferecendo condições para a priorização do uso da bicicleta. Não só pela completa ausência de estrutura cicloviária, mas também pela falta de políticas de estímulo. Um dos problemas é que o município não assume o protagonismo para o planejamento, a implantação e a gestão de sistemas de compartilhamento de bicicletas, garantindo gratuidades e estruturas essenciais, como bicicletários e ciclovias. Não podemos depender da vontade de empresas privadas, de permanecer ou sair de uma cidade. Temos, sim, que transformar a mobilidade ativa numa política de Estado”, Daniel Valença, da Ameciclo

  Desde o último fim de semana que as bicicletas e patinetes elétricos da Yellow sequer aparecem no aplicativo. Nesta terça-feira, quem consultava o app identificava apenas os pontos de venda de créditos, sem que nenhum equipamento aparecesse como disponível para aluguel. As razões do fim do funcionamento da Yellow ainda não estão muito claras e a empresa não quis se pronunciar sobre o assunto, apesar da insistência da reportagem. Extraoficialmente, a informação é de que o negócio não deu certo comercialmente. Não estava sendo rentável financeiramente.

ATUALIZAÇÃO

Na quinta-feira (1/8), a Grow (holding que reúne a Yellow e a Grin) soltou um comunicado sobre o fim da operação. Confira AQUI.  

 

Documento enviado pela Grow na Cidade do México  

 

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No início de julho, a empresa deu sinais de que estava tentando se reposicionar no mercado ao reduzir em 50% o valor cobrado pelo uso dos patinetes. O desbloqueio baixou para R$ 1,50 e o minuto de uso ficou por R$ 0,25. Os acidentes com os patinetes – inclusive com mortes na Europa – também geraram polêmicas e embates com gestores públicas no Brasil e pelo mundo. Há informações, inclusive, de que a operação será finalizada em outras cidades além do Recife. O Blog MoveCidade teve acesso ao comunicado da Grow (holding responsável pelas marcas Yellow e Grin) encaminhado aos gestores públicos da Cidade do México (México), onde também deixaram de operar.

 

 

Recife não sofreu com os problemas provocados pelo uso errado do equipamento, que provocu mortes na Europa. Foto: Renato Cerqueira/Estadão  

 

No Brasil, a Yellow está presente em São Paulo, Rio de Janeiro, São José dos Campos (SP), Florianópolis (SC), Brasília (DF), Campinas (SP), Curitiba (PR), Vitória (ES), Porto Alegre (RS) e Belo Horizonte (MG). Na América Latina, opera em Buenos Aires (Argentina), Bogotá (Colômbia), Santiago (Chile), Montevidéu (Uruguai). Pelo menos até agora. Juntas, as companhias Grin e Yellow contam com mais de 135 mil patinetes e bikes, já realizaram mais de 3 milhões de viagens e contam com 1,1 mil funcionários – o número de colaboradores no Recife nunca foi divulgado.

Com a criação da Grow foi necessária uma reestruturação da operação e, por isso, terão que suspender o serviço em algumas cidades. Lamentamos muito, até porque foi a nossa secretaria que ajudou na entrada do serviço na cidade. Mas esperamos que isso seja apenas uma questão temporária e que eles retornem ao Recife em breve”, Guilherme Calheiros, da PCR

O fim da operação foi comunicado à Prefeitura do Recife. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Recife, Guilherme Calheiros, a Yellow argumentou que estava finalizando o serviço na cidade para reestruturar a operação após a junção com a Grin. “Com a criação da Grow foi necessária uma reestruturação da operação e, por isso, terão que suspender o serviço em algumas cidades. Lamentamos muito, até porque foi a nossa secretaria que ajudou na entrada do serviço na cidade. Mas esperamos que isso seja apenas uma questão temporária e que eles retornem ao Recife em breve”, afirmou.

3 (2) - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
2 - Fotos:Renato Cerqueira/Agência Estadão
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Dez dias depois de os patinetes elétricos e as bikes dockless entrarem em operação no Recife, a prefeitura criou regras e multas para garantir que os equipamentos fossem devolvidos pelos usuários em qualquer lugar, atrapalhando a circulação de pedestres e veículos. Mas para o secretário Guilherme Calheiros isso não teve influência na decisão do fim de operação na cidade. “De forma alguma. Eles até elogiaram a regulamentação que nós criamos. As regras eram necessárias”, pontuou.

A Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife (Ameciclo) responsabilizou o município pela saída da Yellow da cidade. “O Recife não está oferecendo condições para a priorização do uso da bicicleta. Não só pela completa ausência de estrutura cicloviária, mas também pela falta de políticas de estímulo. Um dos problemas é que o município não assume o protagonismo para o planejamento, a implantação e a gestão de sistemas de compartilhamento de bicicletas, garantindo gratuidades e estruturas essenciais, como bicicletários e ciclovias. Não podemos depender da vontade de empresas privadas, de permanecer ou sair de uma cidade. Temos, sim, que transformar a mobilidade ativa numa política de Estado”, afirmou Daniel Valença, um dos coordenadores da entidade.

App da Yellow sem patinetes para compartilhar. A opção das bikes está do mesmo jeito

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