Trânsito, transportes e mobilidade urbana, com Roberta Soares

Mobilidade

Por Roberta Soares e equipe
COLUNA MOBILIDADE

Depois da Uber, 99 também anuncia reajuste no ganho de motoristas para combater crise no setor. Veja o que muda

A empresa garante que o aumento não será repassado ao passageiro. A Uber prometeu o mesmo. Pelo menos por enquanto, o Recife está fora

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Roberta Soares

Publicado em 11/09/2021 às 18:09 | Atualizado em 13/09/2021 às 11:34
O Movimento Inovação Digital (MID) reúne grandes empresas do transporte e delivery por app - como inDrive, Shein, Mercado Pago, Rappy e Zé Delivery - ACERVO JC IMAGEM

Primeiro foi a Uber a anunciar um reajuste médio de 18% no valor pago aos motoristas parceiros para ajudá-los a superar a crise econômica - especialmente o aumento dos combustíveis - e evitar a quebra do negócio dos aplicativos de transporte diante das inúmeras reclamações de passageiros. Agora, é a plataforma 99 quem faz o mesmo. Está reajustando os ganhos dos condutores entre 10% e 25%. Mas, pelo menos por enquanto, o Recife está fora. Será incluído em breve, diz a empresa.

Queixas de parceiros e passageiros fazem a Uber rever tarifas pagas ao motorista. Veja o que mudou

A promessa da 99 é que esse realinhamento está sendo praticado em mais de 20 regiões metropolitanas do Brasil, incluindo grandes centros como São Paulo, Belo Horizonte, Florianópolis, Brasília, Goiânia, Fortaleza, Salvador, São Luís, João Pessoa e Maceió. A plataforma garante que a medida já vinha sendo adotada desde o último mês e segue em expansão no País. E, como previsto, a ação foi provocada pelos constantes reajustes dos combustíveis, “que impactaram muito negativamente os serviços de transporte por aplicativo”.

Assim como a Uber, a 99 garante que o aumento não será repassado ao passageiro. Os reajustes serão subsidiados pela empresa. A plataforma explicou que o aumento revisa os ganhos dos motoristas parceiros e foi definido levando em consideração a manutenção do equilíbrio da plataforma “para possibilitar que a população continue tendo acesso a um meio de transporte financeiramente viável, seguro e eficiente”.

A Uber tinha feito o mesmo. Motoristas parceiros responsabilizam as plataformas pelas baixas tarifas - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

UBER

No caso da Uber, o reajuste não é linear. Depende do percurso, do local e do horário da viagem. Em Recife, por exemplo, os reajustes têm proporcionado aumento dos ganhos de parceiros em média 18% quando comparados aos do mês passado. A variação depende dos dias e horários que cada motorista escolhe dirigir. Segundo a Uber, isso acontece na capital pernambucana porque funciona o novo modelo de ganhos da plataforma, que é variável de viagem para viagem e não tem valor fixo por km rodado e por tempo de viagem.

Em Natal (RN), por exemplo, onde funciona o modelo de ganhos baseado no tempo e distância das viagens, os valores de ganhos por km e por minuto foram reajustados em 15%. “Com o aumento constante dos combustíveis, a Uber tem intensificado seus esforços para ajudar os motoristas parceiros a reduzirem seus gastos, com parcerias que oferecem desconto em combustíveis, por exemplo, assim como tem feito uma revisão dos ganhos dos motoristas e reajustado valores em diversas cidades. Os reajustes estão sendo implementados em todo o país e variam de cidade para cidade.


REPERCUSSÃO NEGATIVA

A Associação dos Motoristas e Motofretistas por Aplicativos de Pernambuco (Amape) questiona os reajustes anunciados pelas plataformas, especialmente o da Uber. Alega que é variável e não resolve o problema dos cinco anos sem nenhum tipo de aumento. “O percentual variável, de 11% a 18%, não é aplicado em todas as viagens, o que faz com que apenas algumas corridas passem a ser mais interessantes. De modo geral, o motorista não consegue sentir esse reajuste na ponta. Isso porque, só neste ano, a gasolina já aumentou 51%. Como durante a pandemia as empresas reduziram o valor das tarifas em pelo menos 30%, essa compensação devolve parcialmente as perdas que os motoristas tiveram nos últimos anos. E não resolve o problema das baixas tarifas. As promoções e ações específicas contemplam apenas um grupo de motoristas, não a sua totalidade”, afirma o motorista de aplicativo Thiago Silva, que preside a Amape.

 

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