Trânsito, transportes e mobilidade urbana, com Roberta Soares

Mobilidade

Por Roberta Soares e equipe
COLUNA MOBILIDADE

Transporte intermunicipal quer o mesmo tratamento do transporte metropolitano em Pernambuco

Protesto de rodoviários realizado na segunda-feira (26/9) na Avenida Dantas Barreto é reflexo da ausência de isonomia entre os dois sistemas

Cadastrado por

Roberta Soares

Publicado em 28/09/2021 às 7:00 | Atualizado em 28/09/2021 às 10:16
Segundo a EPTI, o aumento foi dado após 14 meses e seguiu o IPCA acumulado de janeiro de 2021 a fevereiro de 2022 - TIÃO SIQUEIRA/JC IMAGEM

Vamos começar esse texto com uma indagação que merece reflexão: por que o transporte público intermunicipal não recebe o mesmo tratamento pelo governo de Pernambuco que o transporte público da Região Metropolitana do Recife? Qual a diferença entre um e outro? O passageiro de um é melhor do que do outro? O fato de atender às 14 cidades do Grande Recife significa ser melhor ou mais importante do que atender aos municípios do interior do Estado - considerando as ligações da Zona da Mata até o Sertão?

Para quem opera o transporte intermunicipal pernambucano - sejam empresários ou rodoviários - o tratamento deveria ser o mesmo. Os benefícios econômicos e fiscais concedidos a um deveriam ser iguais ao outro. Essa é a bandeira do sistema, operado por sete empresas (Progresso, 1002, Borborema, Rodotur, Astrotur, Coletivos, Joalina e Logo Transporte) e que transporta 1,3 milhão de passageiros por mês. E foi por essa bandeira que os rodoviários do transporte intermunicipal realizaram uma paralisação nesta segunda-feira (27/9), na Avenida Dantas Barreto, no Centro do Recife, um terminal criado há mais de 30 anos para ser provisório e que foi se transformando em permanente.

Segundo o Sindicato das Empresas Rodoviárias de Pernambuco (Serpe), enquanto o transporte metropolitano está contando com um subsídio de R$ 33 milhões por mês, além de diversas isenções, o intermunicipal não conta com nada - TIÃO SIQUEIRA/JC IMAGEM

De um lado, motoristas e cobradores do sistema de transporte intermunicipal pararam porque querem um aumento salarial para tentar repor as perdas diante da crise econômica e a assustadora inflação, o que é justo. Diferentemente dos rodoviários da RMR, não conseguiram o reajuste de 9,22% concedido há pouco mais de um mês. Do outro, o setor empresarial que diz não ter como dar o mesmo percentual porque, além de amargar uma perda de demanda de 40% - chegou a 100% porque o sistema deixou de operar no auge da pandemia em 2020 por determinação do governo do Estado -, não usufrui dos mesmos benefícios dados ao transporte urbano da RMR.

Essa é a questão.

Segundo o Sindicato das Empresas Rodoviárias de Pernambuco (Serpe), enquanto o transporte metropolitano está contando com um subsídio de R$ 33 milhões por mês, além de diversas isenções, o intermunicipal não conta com nada. “Fizemos a mesma proposta de jogar o dissídio da categoria para janeiro de 2022 que o metropolitano fez e foi recusada pelos rodoviários. A diferença é que o governo de Pernambuco decidiu ajudar os operadores da RMR a dar 9% de aumento e evitar uma paralisação. Enquanto o intermunicipal não teve nem tem nenhum tipo de subsídio”, explica Elson Souto Filho, presidente do Serpe e dono da empresa 1002.

O sistema intermunicipal diz que não recebe nenhum tipo de isenção de ICMS no diesel, de IPVA na compra de ônibus novos, cobertura da diferença entre custo e arrecadação (no caso das empresas concessionárias), entre outros benefícios. “Somente o combustível responde por 30% do nosso custo. Estamos operando com aproximadamente 50% da demanda de antes da pandemia. Está muito difícil. Temos empresas que operam o sistema metropolitano e o intermunicipal, como é o caso da Borborema e Rodotur. Como explicar ao funcionário que um ganhou reajuste e o outro não terá? Por isso estamos brigando pela isonomia”, reforça Elson Souto Filho.

Paralisação de motoristas pedindo por reajuste salarial causou transtornos para passageiros de linhas intermunicipais na manhã desta segunda-feira (27) - TIÃO SIQUEIRA/JC IMAGEM

Por nota, o governo de Pernambuco informou que irá analisar as demandas dos rodoviários e dos empresários do sistema intermunicipal. “Sobre as reivindicações das empresas que operam no transporte intermunicipal, o diretor presidente da Empresa Pernambucana de Transporte Intermunicipal (EPTI), Antônio Júnior, explica que tem dialogado constantemente com o setor e que está concluindo a análise das demandas apresentadas”.

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