Os passageiros do BRT pernambucano vão entrar 2022 sofrendo com o calor nas estações do sistema na Região Metropolitana do Recife. Todas as unidades que estão funcionando nos corredores Leste-Oeste (que liga o Centro da capital a Camaragibe, na Zona Oeste) e Norte-Sul (conecta o Centro do Recife a Igarassu, na Zona Norte) seguem sem refrigeração, situação que só deverá ser resolvida, com sorte, no fim do primeiro semestre do próximo ano. Nem mesmo a nova gestão privada dos equipamentos - dentro da primeira Parceria Público Privada (PPP) do setor - deverá solucionar o problema, que ficou sob responsabilidade do Estado.
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A previsão do governo de Pernambuco, repassada pelo Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), é que a licitação para reposição dos equipamentos de ar-condicionado seja lançada ainda em janeiro de 2022, mas não está garantida. Segundo o órgão, o edital está em fase de ajustes e a substituição da refrigeração deverá custar R$ 3.830.960. As estações de BRT estão sem ar-condicionado desde o fim do primeiro semestre de 2020, quando, no auge da pandemia de covid-19, as unidades foram totalmente vandalizadas no Grande Recife.
Principalmente as estações do Corredor Norte-Sul, que teve os 26 equipamentos roubados, furtados ou, no mínimo, danificados. Vale destacar que o BRT pernambucano, batizado de Via Livre, é o único do Brasil e o segundo do mundo a ter estações refrigeradas. Nem mesmo Curitiba, no Paraná, berço mundial do sistema, optou pela refrigeração. Além de Pernambuco, apenas Dubai, nos Emirados Árabes - país extremamente rico - tem estações refrigeradas.
INVESTIGAÇÃO
O roubo da fiação e de parte dos equipamentos de ar-condicionado, inclusive, foi questionado pelo Ministério Público de Contas de Pernambuco (MPCO), que chegou a acusar o governo de Pernambuco de negligência pelo episódio. Nos cálculos do órgão de controle, embasados na fiscalização que vem sendo feita pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE), o prejuízo aos cofres públicos foi de R$ 7,3 milhões em valores corrigidos. Por isso, o MPCO denunciou o caso à Promotoria de Patrimônio Público do Ministério Público de Pernambuco (MPPE).
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No documento, assinado pela procuradora-geral do MPCO, Germana Laureano, o órgão de controle destacou que o furto ou roubo dos equipamentos de ar-condicionado das 44 estações do BRT eram inadmissíveis por serem sistemas robustos, que não seriam retirados de uma só vez, por vândalos. “São estruturas que vão além de fiação e que exigiriam equipamentos pesados para serem roubados. Ou seja, foi um processo feito em várias e várias ações, sem que o Estado tivesse esboçado reação para evitá-la. Por isso a negligência”, afirmou como argumento.
O governo de Pernambuco, entretanto, informou que o MPPE arquivou a investigação. “O procedimento investigatório foi arquivado pelo MPPE por entender que não havia irregularidades referente os furtos dos ares condicionados ocorridos nas estações de BRTs. Também não foram encontrados indícios de improbidade administrativa. O que levou ao arquivamento do referido procedimento”, explicou o órgão por nota.
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