A decisão do governo de Pernambuco de não aumentar as passagens dos ônibus do Grande Recife pelo segundo ano consecutivo e, ainda, unificar os dois anéis utilizados predominantemente pelo menor valor, vai custar um subsídio público estimado em mais de R$ 310 milhões em 2024.
Há quem já calcule, inclusive, que esse valor será ainda maior, chegando a mais de R$ 350 milhões por ano. Do mesmo jeito, existem os críticos ao subsídio e os que entendem ser esse o caminho para evitar mais uma sobrecarga para os passageiros, que têm fugido do transporte público em Pernambuco, no Brasil e até em certas partes do mundo.
PROMESSA DE MAIS SUBSÍDIO PÚBLICO PARA O SISTEMA
Para cobrir o déficit da operação com o não reajuste e a extinção do Anel B (R$ 5,60 e utilizado por 15% dos passageiros do sistema), o Estado decidiu que vai aumentar o subsídio público que vem transferindo para o sistema desde que a licitação das linhas de ônibus foi parcialmente realizada e que em 2023 chegou a R$ 250 milhões por ano.
A expectativa é de que sejam necessários mais R$ 60 milhões para cobrir a unificação dos anéis e o não realinhamento tarifário, o que totalizaria R$ 310 milhões no ano. Mas, na prática, entretanto, o setor já especula que esse valor chegará a R$ 100 milhões no fim do ano.
ANEL B SERÁ EXTINTO E LINHAS PASSAM A ACEITAR ANEL A
Com as mudanças, todas as linhas do Anel B (linhas que, em sua maioria, são longas e periféricas) passarão a aceitar o Anel A, que é utilizado por mais de 80% dos passageiros e permanecerá no valor de R$ 4,10. Com o novo Bilhete Único Metropolitano, o passageiro poderá realizar até cinco embarques em duas horas de utilização nas linhas integradas.
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Por isso o Bilhete Único aprovado difere de outras cidades. No Grande Recife, é a unificação dos anéis é limitada aos 26 Terminais Integrados e às poucas linhas que fazem integração foram dos TIs.
Como ficam os anéis
Anel A - R$ 4,10
Anel B - Extinto e as linhas passam a usar o Anel A
Anel G - R$ 2,70
Opcionais - Mesmos valores atuais
A aprovação da proposta do Estado já era esperada porque o CSTM costuma seguir o posicionamento do governo, principalmente porque a maioria dos conselheiros são gestores e servidores de órgãos públicos. A sociedade civil representada aproveitou para cobrar melhorias no sistema, além do não reajuste e da unificação dos anéis.
SITUAÇÃO CRÍTICA DO SISTEMA DE TRANSPORTE
A situação de dificuldades do sistema de transporte da RMR está tão dependente de atrair demanda que até os operadores votaram a favor da proposta do Estado - o que não é comum de acontecer. Em um momento raro, inclusive, os empresários de ônibus sequer apresentaram um índice de reajuste.
A Urbana-PE, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco, que reúne os operadores do sistema, seguiu a unanimidade dos conselheiros. Mas ponderou que é preciso melhorias.
“A Urbana-PE apoia a nova política tarifária anunciada pelo Governo de Pernambuco e registra que votou favoravelmente à proposta apresentada no Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM).
A medida representa um importante avanço para o Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STPP/RMR) e poderá contribuir para a recuperação da demanda pelo serviço. Alertamos, porém, que essa medida deverá ser apoiada por mecanismos que confiram previsibilidade e segurança ao custeio do sistema de forma a assegurar que a operação não seja impactada.
Diante desses fatos, a Urbana-PE reitera que parabeniza a iniciativa do Governo de Pernambuco e que apoia a nova politica tarifária, sobretudo diante do compromisso assumido pelo GRCT durante a reunião do CSTM de adotar os mecanismos necessários para garantia dos subsídios antes da implementação do bilhete único”.