Tem certas horas, na administração pública, que alguém mais ponderado, mais ajuizado, tem que tomar uma dose de franqueza e outra de destemor, chamar a autoridade máxima, aquela que comanda, para uma conversa franca. E essa hora é chegada. É chegada porque é necessária.
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É preciso que uma ajuizada autoridade econômica chegue-se ao presidente da República, mostre a calculadora e diga a Jair Bolsonaro (sem partido) que quanto mais o país se demora a ter um plano completo de vacinação de toda a população, mais a economia segue rumo ao pântano. Assim como na linguagem popular, quando a vaca está a caminho do brejo. E só quem já viu uma vaca no atoleiro sabe como é difícil tirá-la de lá. Assim são as economias. Quando entram em falência, na quebradeira, rumo à bancarrota, tornam-se difíceis de serem recuperadas.
Vamos falar de números para que o presidente entenda. A equipe econômica está prevendo que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) deve chegar a dezembro num percentual 3,2%. Essa previsão somente será considerada factível, razoável, se o país começar logo a vacinar seus cidadãos. Caso contrário, quanto mais o Ministério da Saúde se demore por dar início à vacinação, mais a economia corre riscos.
Voltemos à calculadora. A conta que as autoridades devem fazer para mostrá-la ao presidente, é que para cada ponto percentual perdido no PIB, o caixa do governo deixa de arrecadar perto de R$ 15 bilhões de reais, por ano.
A conta é fácil, caso a economia retroceda ainda mais, por causa da pandemia da covid-19, o país vai perder bilhões de reais em arrecadação. Por isso que quando o presidente diz que assim como é importante cuidar com combate à doença é fundamental se preocupar com as empresas, uma fato é importante: sem vacina, a economia não deslancha. Sem andar a economia, o país quebra. A conta é fácil. E alguém precisa de coragem para chamar o presidente no canto da parede e explicar essa equação.
Pense nisso!