Adalgisa era uma colecionadora de mentiras. “Eram tantas (…) que já não sabia onde havia de as guardar. Debaixo do tapete, no fundo do guarda-roupas, atrás do aquecedor. Adalgisa tinha até uma prateleira repleta de frascos cheios de mentiras. O problema da menina, foi quando “as mentiras encheram o quarto, começando então a saltar para fora, espalhando-se pelos lugares mais impensáveis da casa… A menina que juntava mentiras é a personagem do livro “A Mentira tem Perna Curta” (Edições Nova Gaia) da escritora portuguesa Rosy Gadda Conti, mas a menina tem prerrogativas para ser autoridade no Brasil.
Não sei se o leitor vai se recordar, mas o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) espalhou, duas semanas atrás, um falso argumento criticando o que ele chamou de “supernotificação” de mortos por covid-19. De acordo com os dados que o presidente apresentou, o Brasil tinha chegado somente à metade do número de mortos vitimados pela pandemia, como se fosse pouco.
Como diz o livro da historiadora portuguesa, a mentira tem perna curta e acabou sendo desmascarada, quando o Tribunal de Contas da União (TCU) desmentiu o documento e passou a investigar o auditor Alexandre Marques, amigo da família do presidente. Ele é acusado por produzir um relatório com informações mentirosas.
Zanzando entre o desrespeito às normas sanitárias de distanciamento e uso de máscaras, o governo usa o tempo para juntar as mentiras que vai espalhando país afora, enquanto insiste com um método que se parece com o curandeirismo de séculos atrás, quando as vacinas ainda não eram produzidas.
Pense nisso!