Após uma onda de críticas nas redes sociais, o prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker (PSB), marido de Sarí Corte Real, anunciou que vai retirar o nome o padre Arlindo Matos da lista de testemunhas de defesa que vão depor, em audiência no dia 03 de dezembro, sobre a morte de Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos. No comunicado, Hacker ainda pediu “desculpas” ao pároco da Igreja de Tamandaré e disse que a convocação se tratou de um “equívoco”.
Reportagem publicada nessa quinta-feira (05), na coluna Ronda JC, revelou que o padre Arlindo seria uma das oito testemunhas de defesa convocadas pelos advogados de Sarí Corte Real, que responde pelo crime de abandono de incapaz com resultado morte. A informação foi confirmada pelo advogado Pedro Avelino, responsável pela defesa da primeira-dama de Tamandaré. Em entrevista, o religioso se mostrou surpreso com a informação e disse que não tinha sido intimado ainda. Ele afirmou, nesta sexta-feira (06), que fez contato com Hacker e com os advogados e pediu que o nome dele não constasse como uma testemunha do caso.
No comunicado enviado na manhã desta sexta-feira, por meio de assessoria, Sérgio Hacker afirma que lamenta o “equívoco ocorrido em relação à convocação do Padre Arlindo como testemunha”. Diz ainda que “o mesmo não faz parte ou tem qualquer relação com o caso citado (Caso Miguel)”. “Desde já minhas desculpas ao padre Arlindo e gostaria de esclarecer que o nome do mesmo já está sendo retirado do processo em questão.”
A audiência do Caso Miguel será na 1ª Vara de Crimes contra a Criança e o Adolescente da Capital, no bairro da Boa Vista. Além das testemunhas de defesa, oito testemunhas de acusação, convocadas pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), entre elas o perito responsável pelo laudo que apontou que Miguel foi deixado sozinho no elevador e seguiu até o nono andar, onde subiu numa janela e acabou caindo, afastando a tese de que outra pessoa poderia estar na cena.
Somente após as 16 testemunhas serem ouvidas, Sarí Corte Real prestará depoimento. A ré terá o direito de ficar em silêncio. Por conta do número de pessoas a serem ouvidas, é possível que ocorra mais de uma audiência. Finalizada esta etapa, acusação e defesa vão apresentar as alegações finais. O prazo é de até dez dias a partir da notificação. Por fim, o juiz da 1ª Vara de Crimes contra a Criança e o Adolescente da Capital dará a sentença. Se Sarí for condenada, a pena pode chegar a 12 anos de prisão.
Miguel Otávio morreu na tarde de 02 de junho deste ano, depois de subir sozinho no elevador e cair do nono andar do Edifício Píer Maurício de Nassau, no bairro de São José, área central do Recife. Na ocasião, Sarí era a responsável pela vigilância do menino, enquanto a mãe dele passeava com o cachorro da patroa.
A perícia realizada pelo Instituto de Criminalística no edifício constatou que Sarí apertou o botão da cobertura, antes de deixar a criança sozinha no elevador. Ao sair do equipamento, o menino passa por uma porta corta-fogo, que dá acesso a um corredor. No local, ele escala uma janela de 1,20 m de altura e chega a uma área onde ficam os condensadores de ar. É desse local que Miguel cai, de uma altura de 35 metros.
Sarí Corte Real, ex-patroa da mãe de Miguel, é esposa do prefeito de Tamandaré, Sérgio hacker (PSB). Na época do caso, Mirtes e a avó de Miguel trabalhavam na casa do prefeito, mas recebiam como funcionárias da prefeitura. A informação foi revelada pelo Jornal do Commercio.
Após a denúncia, MPPE instaurou uma investigação, descobriu que outra empregada doméstica da família também era funcionária fantasma da prefeitura, e a Justiça determinou o bloqueio parcial dos bens de Hacker. O MPPE descobriu ainda que a mãe e a avó de Miguel ganhavam até gratificação por produtividade, mesmo sem trabalharem na prefeitura, como revelou um documento obtido pela coluna Ronda JC. A assessoria do MPPE disse que o caso segue sob investigação e que os promotores responsáveis por enquanto não vão comentar o processo.