Violência da PM em protesto contra Bolsonaro no Recife completa um mês, ainda sem respostas
Investigações da Corregedoria da SDS e da Polícia Civil não foram concluídas. Dezesseis policiais seguem afastados das funções
A ação violenta de policiais militares contra manifestantes que faziam ato pedindo o fim do governo Bolsonaro, na área central do Recife, completa um mês nesta terça-feira (29). Mas as investigações sobre os excessos cometidos ainda não foram concluídas. Dezesseis PMs (três oficiais e 13 praças) continuam afastados das atividades nas ruas - incluindo Reinaldo Belmiro Lins, que é suspeito de atirar com bala de borracha no olho do arrumador de contêineres Jonas Correia de França, 29 anos. O policial, que era lotado no Batalhão de Choque, foi afastado de forma cautelar por 120 dias da corporação. Também teve o armamento recolhido.
As investigações sobre a ação dos policiais estão sendo conduzidas pela Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS), onde foram instaurados nove procedimentos, e pela Polícia Civil, que apura, na esfera criminal, as denúncias de agressões contra os trabalhadores atingidos nos olhos (o outro é Daniel Campelo da Silva, que passou por exames ontem no Instituto de Medicina Legal) e também contra a vereadora do Recife Liana Cirne (PT), atingida por spray de pimenta ao tentar negociar com PMs da Radiopatrulha.
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Em nota, a SDS informou que por enquanto os órgãos responsáveis pelas investigações não iriam se pronunciar. "Todos os elementos que possam colaborar com a elucidação dos fatos estão sendo levados em consideração", disse.
Depois de três semanas como interino, o delegado federal Humberto Freire foi efetivado no cargo de secretário de Defesa Social. A portaria com a nomeação dele foi publicada no Diário Oficial do Estado. Freire assume, de vez, oposto deixado pelo também delegado federal Antônio de Pádua, que foi exonerado em 04 de junho - dias após a ação violenta da PM.
Humberto Freire era secretário executivo de Defesa Social desde julho de 2017. Agora, a vaga de número 2 da SDS está sendo assumida pelo delegado federal Rinaldo de Souza, também nomeado pelo governador Paulo Câmara. Souza está na Polícia Federal há 14 anos.
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Vale lembrar que também houve mudança no comando geral da Polícia Militar, motivado pelos excessos praticados pela corporação na manifestação. O coronel Vanildo Maranhão foi exonerado, sendo substituído pelo também coronel José Roberto de Santana. Maranhão foi transferido para a reserva remunerada.
De acordo com documentos revelados pela coluna Ronda JC, Vanildo teria sido responsável pela ordem para que os PMs fizessem a dispersão dos manifestantes, mesmo com o ato seguindo de forma pacífica. A informação faz parte de uma comunicação interna da Polícia Militar. Desde que houve o episódio, o coronel não deu nenhuma declaração sobre o assunto.