A Secretaria de Defesa Social (SDS) decidiu se pronunciar, nesta terça-feira (19), sobre o aumento dos casos de feminicídios em Pernambuco. Como pontuou a coluna Ronda JC, pela manhã, houve crescimento de 24,1% nessa modalidade de crime neste ano. Ao todo, 67 mortes de mulheres foram contabilizadas entre janeiro e setembro. Enquanto no mesmo período de 2020, foram 54. Apesar disso, a SDS garante que a grande maioria das investigações de feminicídios foi concluída.
"Informamos que a taxa de resolução de feminicídios em Pernambuco este ano (de janeiro a setembro) está em 94%. Ou seja, de 67 crimes e inquéritos correspondentes instaurados, 63 foram concluídos e remetidos ao Sistema de Justiça Criminal, com indicação de autoria. A meta é que todos os crimes de feminicídio sejam devidamente elucidados, com a responsabilização penal de seus autores. O trabalho integrado não apenas das polícias, mas de toda a rede de proteção à mulher no Estado, tem obtido resultados importantes na redução deste tipo de crime", informou, em nota.
A SDS ainda argumentou que, apesar do aumento dos casos no consolidado do ano, o mês de setembro apresentou uma queda das mortes.
"Em setembro deste ano, a diminuição foi de 44,4%. Isso porque, no mês passado, ocorreram 5 feminicídios, contra 9 casos no mesmo período de 2020. As ações prosseguem no sentido de tornar cada vez mais baixa a incidência dessa forma tão bárbara e trágica de violência, que atinge não apenas as vítimas fatais, mas famílias inteiras, especialmente filhos e dependentes. Lembramos sempre da importância de prevenir por meio de denúncia às autoridades competentes. Estatísticas comprovam que, ao formalizarem uma queixa ou buscarem uma medida protetiva, as mulheres reduzem drasticamente a chance de serem vítimas de feminicídio", completou a nota da SDS.
O QUE DIZ A SECRETARIA DA MULHER
Na avaliação da secretária estadual da Mulher, Ana Elisa Sobreira, a pandemia da covid-19 contribuiu para o aumento dos casos. "Esse aumento ainda é reflexo da pandemia, porque o agressor passou mais tempo de convívio com a vítima. Muitas perderam emprego ou deixaram de trabalhar para cuidar dos filhos. Com medo de procurarem ajuda, as mulheres acabaram mortas", diz a secretária, que também é delegada.
"Nos primeiros indícios, as mulheres precisam registrar o boletim de ocorrência. Infelizmente, muitas esperam o mal maior para procurar ajuda. Sabemos que a maioria das vítimas dos feminicídios nunca procurou apoio do Estado. Elas precisam entender que não estão sozinhas. E que contam com centros de referência, com apoio psicológico e jurídico", pontua Ana Elisa Sobreira. O número da Ouvidoria da Secretaria da Mulher é 0800-281-8187. A ligação é gratuita.
"Agora, estamos no processo de retomada. Por isso estamos com um projeto de qualificação das mulheres, para garantir a autonomia financeira delas, para que elas entrem no mercado de trabalho e possam sair desse ciclo de violência. Muitas têm medo de não ter como se sustentar", explica Ana Elisa. O projeto deve ser lançado até o final do ano, garante a secretária.
HISTÓRIAS
Mesmo com a relação conturbada, segundo amigos e familiares, a manicure Dione Gomes, 40 anos, mantinha o relacionamento com Maurício Andrade, 43. No dia 03 de janeiro deste ano, à noite, ela saiu de casa para encontrá-lo. Nunca mais foi vista. Teve o corpo encontrado, após dias de buscas, no Rio Tejipió, Zona Oeste do Recife. O namorado foi preso e aguarda julgamento.
A estudante de odontologia Emelly Nayane, 24 anos, havia colocado um ponto final na relação. Mas o ex-companheiro não aceitava. No dia 22 de fevereiro deste ano ela foi chamada à casa dele, em Paulista, no Grande Recife. Ele teria dito que estava doente. No mesmo dia, a estudante foi retirada da residência dele praticamente morta, com sinais de estrangulamento. Lívio Quirino disse não ter praticado crime algum, mas a polícia, após investigações, garantiu não ter dúvidas: tratava-se de um feminicídio.