O município do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife (RMR), vive um período de medo e banho de sangue. Nos últimos dias, vários homicídios foram registrados. E o mais chocante: o corpo do cantor de brega-funk João Vitor da Silva Amorim, de 23 anos, conhecido como MC Pitbull da Firma, morto a tiros no último domingo (24), foi desenterrado no cemitério e incendiado na madrugada da segunda-feira (26). O avanço da violência no Cabo é preocupante. Em setembro, 23 pessoas foram assassinadas a tiros - todos homens e a maioria com idades entre 18 e 34 anos,. O número de homicídio na cidade foi o maior desde abril de 2008, segundo dados da Secretaria de Defesa Social do Estado.
De acordo com o secretário de Defesa Social do Cabo, Pablo de Carvalho, o aumento dos assassinatos tem relação com a disputa intensa pelo tráfico de drogas. "Tratam-se de novas facções que estão querendo ganhar território no Cabo. Esses grupos estão vindo de outros municípios próximos. A violência no Grande Recife e litoral está muito interligada. E esses homicídios crescem porque há a forte disputa pelo domínio ou retomada do comando do território, principalmente da venda de crack", avalia o gestor.
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Somente nos nove primeiros meses do ano, 124 pessoas foram mortas no município.
Divulgada em julho deste ano, a mais recente edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apontou o Cabo de Santo Agostinho em segundo lugar no ranking das cidades brasileiras com maior taxa de homicídios por 100 mil habitantes. O resultado, baseado nos crimes registrados em 2020.
Com taxa de 90 mortes violentas por 100 mil habitantes, o Cabo só perdeu para a cidade de Caucaia, no Ceará (98,6). Lá, os homicídios cresceram por causa da guerra entre duas facções pelo domínio do tráfico de drogas. Problema semelhante ao que ocorre no município pernambucano.
CRIME NO CEMITÉRIO
MC Pitbull da Firma foi assassinado a tiros próximo à Avenida Laura Cavalcante, em Gaibu, na madrugada do domingo. Segundo testemunhas, seis disparos foram ouvidos na noite do crime. A vítima vinha sofrendo ameaças pelas redes sociais, segundo ele, por ser confundido com outro rapaz envolvido em um homicídio. O MC chegou a fazer uma corrente para pedir ajuda de seus fãs e amigos.
Após o crime, o corpo do cantor de brega funk foi velado por familiares e amigos no Cemitério São José, no Cabo de Santo Agostinho. No entanto, o túmulo foi violado e o corpo queimado na segunda-feira (25).
Segundo a Polícia Civil, o caso segue sob investigação e, no momento, outras informações não serão divulgadas para não atrapalhar o andamento das diligências.
PREVENÇÃO
O secretário de Defesa Social do Cabo, Pablo de Carvalho, diz que ações continuam sendo executadas, em parceria com as polícias Civil e Militar, para diminuir a violência no município. Em breve, segundo ele, haverá um reforço ainda maior com mais câmeras de videomonitoramento interligadas para ajudar no trabalho de identificação dos criminosos.