Com informações da repórter Beatriz Albuquerque, da TV Jornal
Os sete policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) envolvidos na perseguição que resultou na morte da menina Heloysa Gabrielly, de 6 anos, na comunidade de Salinas, há uma semana, foram afastados das atividades na praia de Porto de Galinhas, Litoral Sul de Pernambuco.
O anúncio foi feito pelo secretário estadual de Defesa Social, Humberto Freire, na tarde desta quarta-feira (06), no Palácio do Campo das Princesas, onde os pais da menina foram recebidos pelo governador Paulo Câmara.
"Os policiais que estavam na ocorrência, eles precisam realmente passar por todas as oitivas necessárias. E o comando da Polícia (Militar) já retirou daquela localidade, dessa atuação naquela localidade, e as investigações prosseguem. Não só nesse inquérito policial militar, mas na Polícia Civil, onde também serão ouvidos, e na Corregedoria", afirmou.
Freire reforçou que os policiais não foram afastados das ruas, mas apenas da unidade que fica em Porto.
"O Bope é uma unidade que normalmente fica aquartelada. Então, naquela localidade onde há um emprego, eles já foram retirados aquela operação", disse Humberto Freire.
Na saída do Palácio do Campo das Princesas, o pai de Heloysa deu uma declaração à imprensa. "Nós só queremos justiça. Eles (governo) estão em total apoio a nós. Eles passaram confiança de que não vai passar impune essa morte", afirmou o jangadeiro Wendel Fernandes.
“Nos solidarizamos com os pais de Heloysa, escutamos o que eles tinham a dizer, assim como os representantes das entidades de direitos humanos que os acompanharam, e asseguramos que a investigação do caso será rigorosa e célere”, afirmou o governador Paulo Câmara, por meio de sua assessoria.
VERSÕES
A versão apresentada pela polícia no dia seguinte à morte da menina foi a de que duas viaturas do Bope estavam perseguindo dois suspeitos de tráfico de drogas, que estavam em uma moto. Na troca de tiros, Heloysa foi baleada.
Imagens de câmeras de segurança, no entanto, só mostram um homem na moto. Depoimentos de moradores de Salinas também apontaram que só os policiais teriam atirado no momento da perseguição - apesar de uma viatura entregue para a perícia
Enquanto aguarda resultados de perícias do Instituto de Criminalística que vão apontar de onde partiu o tiro que matou a menina, a Polícia Civil de Pernambuco está ouvindo testemunhas do caso. O delegado Roberto Ferreira está à frente do inquérito.
As duas viaturas usadas pelos militares do Bope e as armas foram periciadas no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Recife.
MPPE ACOMPANHA O CASO
O MPPE afirmou que também está acompanhando as investigações. "O MPPE vem a público compartilhar que está atento aos fatos e dando suporte à atuação dos promotores de Justiça, bem como às suas seguranças diante das três situações investigadas, garantindo a efetiva apuração."
Além do inquérito sobre a morte da menina, também foi instaurada uma investigação pela Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) e outra pela própria Polícia Militar. Esses dois procedimentos visam avaliar a conduta dos policiais do Bope na ação que resultou na morte da menina.
O Centro Integrado de Defesa Social Municipal da Prefeitura de Ipojuca, de onde está sendo coordenada a Operação Porto Seguro (reforço policial após o temor de comerciantes e turistas de Porto de Galinhas), está contando com um profissional de plantão da Corregedoria Geral da SDS, todos os dias da semana, segundo a SDS.
COMO DENUNCIAR
"Nessa central, ele pode acompanhar o desenvolvimento das ações policiais e das forças de segurança. Um número de telefone funcional, em uso pelo agente da Corregedoria que estiver de plantão, foi fornecido aos representantes da comunidade e familiares da menina Heloysa, de modo a estreitar essa comunicação. Lembramos que os canais tradicionais de atendimento da Corregedoria permanecem: denúncias podem ser feitas todos dias da semana, 24h por dia, através do telefone (81) 31842714 ou de forma presencial (endereço na Avenida Conde da Boa Vista, 428). Existe ainda o telefone gratuito da Ouvidoria da SDS 0800 081 5001", informou a SDS.