Marcada para a tarde desta quarta-feira (27), a reprodução simulada para esclarecer a ação policial que resultou na morte da menina Heloysa Gabrielly, de 6 anos, na comunidade de Salinas, na praia de Porto de Galinhas, foi adiada. Policiais militares convocados para garantir o isolamento da área chegaram a ir ao local, pela manhã, mas foram surpreendidos com a notícia do adiamento.
Investigadores informaram à coluna Ronda JC que a reprodução simulada precisou ser adiada por "questões técnicas". Uma reunião será realizada para definir a nova data da perícia técnica.
A morte de Heloysa vai completar um mês no próximo sábado (30), mas a polícia ainda não esclareceu quem atirou na menina.
No momento em que a criança foi atingida no peito acontecia uma perseguição de policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) a um suspeito que passava de moto pela comunidade.
Na versão divulgada oficialmente pela Polícia Militar, no dia em que a menina foi morta, foi dito que houve uma troca de tiros entre os PMs e uma dupla suspeita de tráfico de drogas.
Mas a versão relatada por testemunhas, inclusive por uma tia que estava com a menina no momento em que houve a morte, é de que apenas os policiais atiraram. Imagens de câmeras de segurança só mostram um homem na moto.
Peritos do Instituto de Criminalística já estão fazendo todo o mapeamento necessário para que a reprodução simulada seja realizada com sucesso. Serão utilizados drones, scanner 3D e outros equipamentos de tecnologia de ponta.
Alguns laudos periciais já foram entregues à Polícia Civil, mas ainda não foi possível afirmar, com 100% de certeza, quem atirou em Heloysa.
INVESTIGAÇÕES
A morte de Heloysa aconteceu na tarde de 30 de março de 2022. Ela brincava na rua no momento em que foi baleada no peito. Indignados, moradores da comunidade de Salinas fizeram protestos durante três dias pedindo justiça e também denunciando excessos cometidos por policiais do Bope.
Porto de Galinhas, que é principal cartão-postal de Pernambuco, viveu dias tensos com comércio fechado, atos de vandalismo e medo entre turistas. O governo estadual precisou criar uma operação chamada Porto Seguro, com reforço de 250 policiais, para dar mais segurança à praia.
Na semana seguinte à morte de Heloysa, os policiais que atuaram na perseguição foram retirados de Porto de Galinhas. Eles seguem afastados de lá, mas trabalhando em outra unidade do Bope.
Além do inquérito sobre a morte da menina, também foi instaurada uma investigação pela Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) e outra pela própria Polícia Militar. Esses dois procedimentos visam avaliar a conduta dos policiais do Bope na ação que resultou na morte da menina.
Não há prazo para conclusão das três investigações.
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) afirmou que também está acompanhando as investigações. "O MPPE vem a público compartilhar que está atento aos fatos e dando suporte à atuação dos promotores de Justiça, bem como às suas seguranças diante das três situações investigadas, garantindo a efetiva apuração."