Cinco amostras biológicas de pernambucanos que testaram positivo para a covid-19 apresentaram a variante P.1 da doença. O resultado se deu após um sequenciamento genético. Desses pacientes, quatro mulheres e um homem, com idades entre 21 e 70 anos, três são residentes do Recife, um de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana e um é de Petrolina, no Sertão do Estado. Eles adoeceram entre os meses de janeiro e março deste ano. O trabalho científico foi feito pelo Instituto Aggeu Magalhães (IAM/Fiocruz PE) a pedido da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE). A variante P.1 é considerada, por especialistas, como mais contagiosa.
"Esse é um achado científico que já esperávamos, pela circulação da variante em diversos Estados e a constante circulação de pessoas no nosso território. É importante ter essa confirmação, mas nosso trabalho contra a covid-19 continua sendo através do uso correto da máscara, da higienização das mãos e do distanciamento e isolamento social, além da vacinação", pontuou o secretário estadual de Saúde, André Longo.
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Ao todo, o Instituto submeteu 90 amostras para preparo. No entanto, apenas 45 delas tiveram condições para finalizar o processo. Enquanto 80 das amostras encaminhadas à Fiocruz PE pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE) foram escolhidas de forma aleatória e contemplando todas as regiões do Estado, outras dez foram de funcionários do próprio Aggeu Magalhães.
Todo o trabalho foi feito no laboratório de nível de biossegurança 3 (NB3) e na central de sequenciamento dessa unidade da Fiocruz. O processo para preparo das amostras, extração do RNA e posterior sequenciamento e análise dos dados leva, em média, duas semanas.
"Nosso resultado corrobora que a variante P.1 é a que domina a pandemia em Pernambuco, conforme já havia sido apontado em comunicado técnico do Observatório Covid-19 da Fiocruz. Até o momento analisamos poucas sequências dos meses de fevereiro e março, porém esse trabalho prossegue e aumentará o volume de informações disponíveis", destacou o pesquisador da Fiocruz PE Gabriel Wallau.
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Variante encontrada em pacientes transferidos de Manaus
Em fevereiro, o Instituto Aggeu Magalhães já havia encontrado a variante P.1 do novo coronavírus nas amostras biológicas de dois pacientes de Manaus, que foram transferidos para receber atendimento hospitalar em Pernambuco.
Na época, o órgão de pesquisa analisou 44 amostras biológicas que tinham confirmação para a covid-19. Desse total, quatro eram de pacientes do Amazonas, em que duas amostras foram confirmadas com a nova variante.
Já outras 36 testaram negativo para a P.1, mas apresentaram outras linhagens que circulavam previamente do Brasil. As amostras foram escolhidas de forma aleatória e contemplaram pernambucanos de todas as 12 Gerências Regionais de Saúde (Geres), inclusive do arquipélago de Fernando de Noronha.
Em outras quatro, também de pernambucanos, não foi possível realizar o trabalho devido às condições das amostras.
Com o objetivo de monitorar a circulação do vírus no Estado, o Lacen-PE afirmou que irá continuar encaminhando para a Fiocruz amostras biológicas de pacientes positivos para a covid-19. O trabalho será periódico e feito por amostragem de diversas regiões e municípios do Estado