Em Pernambuco, a semana tem sido marcada por relatos de pessoas com sintomas gripais, que não positivam para covid-19, e de médicos preocupados com percepção de aumento nos atendimentos a pacientes que chegam a unidades de saúde e consultórios com sintomas sugestivos da nova variante do vírus influenza (causador da gripe), a chamada de H3N2 Darwin. A cepa tem feito casos de gripe se multiplicarem em grandes centros urbanos como Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. Apesar de profissionais informarem que percebem um crescimento no número de pacientes com quadro gripal não covid, a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES) informa que continua sem registrar circulação dos vírus da gripe no Estado este ano.
Confira o que se sabe sobre a doença
"Até o momento, já confirmamos, além da covid-19, casos de rinovírus e vírus sincicial respiratório, mas continuamos sem detecção de influenza", diz a secretária-executiva de Vigilância em Saúde da SES, Patrícia Ismael. Em Pernambuco, a vigilância do vírus influenza é feita a partir de amostras recebidas de unidades de saúde para que os pesquisadores analisem e monitorem o perfil genético do vírus. Até então, o agente não foi detectado, mas é uma questão de tempo, segundo os especialistas ouvidos pelo JC. "Acabei de atender uma paciente com sinais bem claros do que parece ser a nova variante da influenza. Estamos vendo muitos casos assim nos últimos dias: eles têm muita tosse e fazem febre logo no início da doença. É muito parecida com a covid, mas com uma menor gravidade. Tratamos os sintomas: tosse, dor no corpo e febre", diz o pneumologista Isaac Secundo, do Real Hospital Português (RHP).
Ao falar sobre os sinais de gravidade da doença, que exigem um atendimento especializado, em serviços de pronto atendimento, Isaac recomenda que seja dada atenção à falta de ar, secreção não habitual (amarelada ou esverdeada), cansaço e febre contínua — aquela que não cessa em até três dias.
A H3N2 Darwin, que desponta fora da sazonalidade (meses de outono e inverso), pode ter sido decorrente da mudança de comportamento da população neste momento de flexibilização das regras sanitárias em todo o Brasil, especialmente com o relaxamento do uso da máscara pelas e da falta de distanciamento social. "Certamente a nova variante da influenza já chegou no Recife. Esta semana muita gente apareceu com quadro gripal. É mais um motivo para não relaxarmos no uso da máscara", frisa o médico Eduardo Jorge da Fonseca Lima. Ele ressalta características importantes da H3N2 Darwin: a alta transmissibilidade. "A disseminação é rápida, e o período de incubação é pequeno. Quando um da família adoece, todos gripam juntos."
Outro detalhe, segundo Eduardo Jorge, é que os casos que sugerem ser de H3N2 Darwin têm sido leves, em sua maioria, e tendem a se resolver com tratamento para aliviar os sintomas. "O problema é que, com aumento de casos, os serviços de saúde ficarão sobrecarregados." Esse é um cenário que requer atenção porque, quando se fala sobre gripe, a maior preocupação é em relação aos idosos, crianças e pessoas com doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. Por isso, vale incrementar as medidas de proteção, com uso da máscara e higienização das mãos.