Uma epidemia de obesidade está começando a se formar no Brasil e tem estimativa de atingir níveis preocupantes até 2030.
Um estudo avalia que três em cada dez adultos se encontrarão em algum estágio de obesidade até o fim da década, a partir de dados da pesquisa Vigitel.
As informações foram divulgadas no artigo “Time trends and projected obesity epidemic in Brazilian adults between 2006 and 2030” (“Tendências temporais e epidemia de obesidade projetada em adultos brasileiros entre 2006 e 2030”).
QUANTAS PESSOAS ESTARÃO COM OBESIDADE NO BRASIL ATÉ 2030?
Além disso, foi observado que até o início da próxima década, 68,1% dos cidadãos brasileiros estarão com sobrepeso.
No Brasil, 29,6% da população também deverá ser diagnosticada com obesidade e 9,3% com a condição nas classes II e III.
O artigo trouxe os dados que, de 2016 a 2019, a prevalência da obesidade aumentou de 11,8% para 20,3%.
As mulheres foram vistas como as mais afetadas pela obesidade diante dos dados do estudo.
A prevalência da obesidade até 2030 atingirá 30,2% das mulheres e 28,8% dos homens.
De acordo com o World Obesity Atlas 2022, até o mesmo período, 1 em cada 5 mulheres viverão com obesidade.
Enquanto isso, a estimativa para o sexo masculino é de 1 em cada 7 homens com a condição.
OBESIDADE NO BRASIL
A capital do Amazonas, Manaus, lidera o ranking da previsão da obesidade até o fim da década, com 35,8%.
Na segunda posição se encontra Cuiabá, localizada no Mato Grosso, com 34,9% e, logo depois, Rio Branco (Acre) aparece com 32,8% da população.
As menores porcentagens de obesidade são encontradas em Florianópolis, com 23%, seguida no penúltimo lugar por Palmas (23,8%).
OBESIDADE MÓRBIDA
A obesidade mórbida é a obesidade de grau III, quando o paciente tem o IMC (Índice de Massa Corporal) a partir de 40 kg/m². Este tipo de obesidade está diretamente relacionado ao aumento da mortalidade, além da ocorrência de diversas doenças associadas (comorbidades).
Vale lembrar que com o IMC acima de 25 kg/m², o indivíduo está com sobrepeso; maior que 30 kg/m², é considerado obeso.
ESTUDOS SOBRE OBESIDADE
As pesquisadoras Rosangela Alves Pereira e Rosely Sichieri também se aprofundaram na pesquisa dos casos de obesidade com previsão para 2023 na produção do livro “Consumo Alimentar e Obesidade: teorias e evidências” (Editora Fiocruz).
Na obra, são abordados os motivos do consumo excessivo de alimentos que facilitam o excesso de peso, além da necessidade de políticas públicas para o bem-estar da população.
“O alto consumo de alimentos industrializados continua. E a forma como eles são produzidos têm grande impacto na epidemia global de obesidade”, disse a autora Rosely.
Rosangela Pereira também ressaltou que a destruição dos ecossistemas brasileiros está ligada ao sistema alimentar diante da ampliação do agronegócio.
“Esse setor da Economia fomenta a produção de alimentos ultraprocessados, considerados nefastos à saúde. Eles estão entre as principais causas da obesidade e da crise climática”, explicou.
A apuração de dados sobre a obesidade é uma etapa essencial para que os alvos dos problemas de saúde pública recebam uma intervenção eficaz.
Dessa forma, o estudo reforça a necessidade de uma prevenção primária, a fim de mudar as trajetórias da obesidade no Brasil.