O Uber anunciou nesta quarta-feira que a locadora Hertz, que acabou de encomendar 100.000 Teslas, fornecerá metade dessa frota, até 2023, para os motoristas do Uber que desejam alugar os carros.
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Por hora, o acordo vale somente nos Estados Unidos, mas aponta para onde deve caminhar o modelo de negócio da maior empresa de aplicativos de transporte do mundo. O Uber disse que o acordo é um passo em direção a sua meta de emissão zero e oferecerá a seus motoristas uma maneira de aumentar os lucros ao economizar nos custos do gás.
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Por trás do discurso de redução da emissão de poluentes e melhora dos ganhos do motorista está a crescente dificuldade do Uber em encontrar motoristas nos Estados Unidos, a exemplo de outros países. Em cidades como Nova York e Chicago, o táxi inclusive já está mais barato que o Uber.
Faltam motorista
Basicamente, os motoristas não querem trabalhar para o Uber à medida que os preços dos combustíveis aumentam, reduzindo consideravelmente seus ganhos. No Brasil o problema também acontece, com cancelamentos de corridas e reclamações dos usuários que precisam esperar cada vez mais por um carro.
No Brasil, Estados Unidos, e boa parte dos países, os preços dos veículos, manutenção e combustíveis subiram consideravelmente à medida que a pandemia diminuiu, mas os fabricantes não conseguiram atender ao aumento do consumo.
O Uber e demais aplicativos de transporte têm aumentado os programas de incentivo financeiro para atrair novos colaboradores, mas isso impacta nos resultados financeiros da companhia. Nos últimos anos, o Uber tem sido cada vez mais pressionado para dar lucro após tantos anos de prejuízos bilionários. Um crescente número de críticos desconfia que a conta da empresa jamais irá fechar.
Combustível mais barato e incentivos financeiros
A locadora Hertz, que durante a pandemia entrou com pedido de recuperação judicial por não conseguir pagar suas dívidas, fornece veículos para motoristas da Uber e da rival Lyft desde 2016. Mas o acordo anunciado com a Uber traz novidades.
A partir de 1º de novembro, os motoristas do Uber podem alugar Teslas da Hertz em Los Angeles, São Francisco, San Diego e Washington, D.C., em vez de usar seus veículos pessoais, com uma expansão nacional planejada nas próximas semanas.
As empresas disseram que o acordo oferece aos consumidores acesso à rede Tesla Supercharger e descontos EVgo do Uber, bem como outros benefícios financeiros por meio do programa Futuro Verde da Uber.
Segundo o Uber, os aluguéis do Tesla começarão em US$ 334 (2.990,00) por semana, excluindo impostos e taxas, mas o preço diminuirá para US$ 299 (1.674,40) ou menos com o tempo. Inicialmente, a empresa exigirá que os motoristas tenham uma classificação de pelo menos 4,7 estrelas e um mínimo de 150 viagens.
Solução ou cortina de fumaça?
A novidade de maneira geral é positiva. Carros elétricos poluem menos as cidades e qualquer benefício financeiro para os motoristas é positivo. Carros elétricos também têm um custo menor de manutenção em relação aos veículos de combustão interna, já que motores elétricos têm menos peças móveis e exigem menos reparos.
Por outro lado, ao reduzir ainda mais a barreira de entrada para os motoristas oferecendo o carro e o combustível, o Uber aumenta a competição entre os motoristas, o que tende a reduzir ainda mais os valores pagos pela empresa. Há motoristas a serviço da empresa que têm dificuldade em calcular todos os custos envolvidos no trabalho ou entram nos programas de benefícios sem entendê-los corretamente. Então, não raro, há quem dirija tendo prejuízo.
Os investidores do Uber também podem ver na iniciativa uma perspectiva de melhorar o modelo de negócios. Carros elétricos com custo de manutenção mais baixo e motoristas ganhando menos oferecem lucros ainda maiores.
Por muitos anos o Uber prometeu que resolveria sua dificuldade de fechar a conta lançando carros autônomos, totalmente sem motoristas. Algo que a empresa nunca chegou nem perto de fazer. Agora, os carros da Tesla aparecem como “saída”. Vale lembrar que os carros da Tesla tem função autônoma, mas ainda precisam de motoristas.
Em países como o Brasil, onde a infraestrutura para carros elétricos engatinha, esse tipo de solução é pouco viável no curto prazo. Ou seja, por aqui uma saída para o aumento dos preços dos combustíveis ainda parece distante para o Uber.