Taxistas voltam a dizer que procura pelo serviço aumentou em meio à crise dos apps, como Uber e 99
Táxis estão rodando mais, mesmo com a alta do combustível, aponta levantamento. No Recife, esse crescimento teria chegado a quase 90%
Os taxistas voltaram a garantir que, mesmo com a alta do combustível superior aos 50% somente em 2021 - que tanto tem massacrado motoristas e impactado no transporte público coletivo -, a procura pelo serviço só aumenta, obrigando-os a rodar mais e mais. Dados da Vá de Táxi, aplicativo de mobilidade fundado em 2013, mostram crescimento médio do número de corridas de 36% entre janeiro e setembro de 2021. O Recife, inclusive, teve destaque no aumento, ficando em segundo lugar entre as capitais brasileiras. O maior incremento foi em São Paulo (126%), seguido pela capital pernambucana (89%) e por Porto Alegre (83%).
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O crescimento, entretanto, foi identificado com base nas chamadas feitas por meio da plataforma - é importante destacar. Além disso, o fato de as corridas de táxi estarem aumentando no País não significa que as de aplicativo de transporte - como Uber e 99 - estejam em queda. Até porque ninguém consegue ter acesso a esses dados das plataformas gigantes. A Vá de Táxi, como esperado, associa o movimento dos táxis à migração de usuários de aplicativos de motoristas particulares, mas também considera a flexibilização das medidas restritivas e a retomada da economia, que provocam um aumento da demanda por mobilidade.
Melhora da pandemia e flexibilizações trazem trânsito de volta e com tudo às ruas do Grande Recife
AUTORIZAÇÃO PARA TRAFEGAR EM CORREDORES EXCLUSIVOS
O fato de os táxis terem autorização, como permissionários dos sistemas de transporte municipais, para circular nas faixas e corredores exclusivos dos ônibus, é outra razão para o aumento da procura pelo serviço. Principalmente porque o trânsito e suas retenções crescem em paralelo. "Muita gente retornou ao trabalho presencial, e os trajetos até os locais podem ser mais demorados em virtude de um tráfego muito pesado, o que resulta em muito atraso. Nenhum trabalhador gosta nem quer arriscar ter esse tipo de transtorno em seus empregos. Em situações de emergência, também é vantajoso optar por um transporte com este facilitador", pontua Gloria Miranda, CEO da empresa.
Em São Paulo, por exemplo, somente no primeiro semestre deste ano, a Companhia de Engenharia de Tráfego da cidade (CET) divulgou que a média de congestionamento, na parte da manhã, já estava em 99 km, enquanto em todo o ano de 2020 esse número ficou em 28 km. No Recife, a situação é parecida. Corredores viários importantes da cidade já voltaram a receber praticamente 100% do volume de tráfego de antes da pandemia.
FALHA DA CONCORRÊNCIA
Mas o que os taxistas chamam de falha da concorrência também está sendo explorado pela categoria. A Vá de Táxi diz que 60% do crescimento orgânico ainda pode ser atribuído à queda da qualidade do serviço prestado pelos aplicativos concorrentes. O cancelamento das corridas é o pior aspecto. "Varia de cidade para cidade, mas nas grandes capitais, onde o volume de corridas é mais significativo, o percentual é este", explica a CEO. Embora as reclamações sejam variadas, a mais comum relatada por usuários que migraram para o serviço de táxi é o cancelamento de corridas. O cliente solicita um carro pelo aplicativo, o motorista confirma, mas cancela assim que aparece a possibilidade de pegar outra corrida de maior valor, aumentando o tempo de espera do passageiro.
Outro agravante é a redução do número de motoristas de apps, devido ao aumento da gasolina e das altas taxas cobradas que inviabilizam o lucro dos trabalhadores. Os motoristas de aplicativos só podem fazer corridas por meio das plataformas em que estão inscritos e que cobram em torno de 30% de taxas sobre o valor da corrida.
Os taxistas, ao contrário, usam aplicativos como o Vá de Táxi de forma complementar, pois estão autorizados a pegar passageiros sem o uso do app. O custo para o taxista também é menor, pois a Vá de Táxi cobra 15% de taxa, no máximo.