POR MONA LISA DOURADO, DA COLUNA TURISMO DE VALOR
Tradicionais atrativos turísticos do Recife estão de cara nova a partir deste domingo (26). Estátuas do Circuito da Poesia, como as de Ariano Suassuna, João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira, na Rua da Aurora, entre outras esculturas icônicas, ganharam máscaras de proteção confeccionadas com retalhos de tecidos. A inspiração vem de iniciativas semelhantes de várias outras cidades do Brasil e do mundo, como Rio de Janeiro, Berlim, Pequim e Bruxelas.
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Intitulada A Arte Cura, a nova ação da Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer do Recife (Seturel), tem como objetivo conscientizar a população para o uso de máscaras, sempre que houver necessidade de sair de casa por alguma emergência.
A medida, que aposta na cultura como instrumento educativo, é mais uma frente de combate à propagação da covid-19. A ideia é chamar atenção para o decreto estadual 48.969, oficializado pelo governador Paulo Câmara na última quinta-feira (23), que recomenda o uso do acessório nos ambientes públicos e o torna obrigatório em empresas e estabelecimentos comerciais cujo funcionamento esteja permitido. A determinação passa a valer a partir desta segunda (27).
“Quisemos nos engajar nessa campanha a partir de alguns dos cartões-postais da nossa cidade, para reforçar a importância da máscara. Estamos mostrando, inclusive, que não é para desperdiçar o material de uso dos profissionais de saúde, porque até um pedaço de tecido pode servir de proteção", ressalta a secretária de Turismo, Ana Paula Vilaça.
Segundo a gestora, o projeto integra outras ações de humanização da prefeitura, como o Recife que Cuida, que contou com grafitagem do artista Rafa Mattos nos hospitais de campanha destinados a pacientes vítimas do novo coronavírus. "Estamos buscando levar esse olhar humanizado da arte para esse momento delicado e difícil", conta Ana Paula, acrescentando que foram priorizados os monumentos do Centro histórico, por estarem em uma área de maior circulação e visibilidade.
A vigilância dos equipamentos é feita pela Guarda Municipal e pela Polícia Militar, mas a secretária antecipa que, caso haja vandalismo, as máscaras serão substituídas.
Também estão incluídas na ação as estátuas dos músicos Naná Vasconcelos, no Marco Zero; e Capiba, na Rua do Sol; da escritora Clarice Lispector, na Praça Maciel Pinheiro; do cantor e compositor Luiz Gonzaga, no Museu do Trem; dos poetas Joaquim Cardoso, na Ponte Maurício de Nassau; Antônio Maria, na Rua do Bom Jesus; Ascenso Ferreira, no Cais da Alfândega; Mauro Mota, na Rua da Roda; Carlos Pena Filho, na Praça do Diario; Solano Trindade, no Pátio de São Pedro; e Celina de Holanda Cavalcanti, na Avenida Beira-Rio, além do artista e pesquisador Liêdo Maranhão, na Praça Dom Vital.
Receberam o acessório, ainda, a escultura de Zumbi dos Palmares, no Pátio do Carmo; e Os Retirantes, no Parque Dona Lindu, assim como os bustos do ex-prefeito do Recife, Augusto Lucena (1916-1995), nos arredores do Forte do Brum, e do secretário de Turismo do Recife Camilo Simões (falecido em 2016), na Rua da Aurora.
Uma campanha nas redes sociais através do perfil @visitrecife completa a iniciativa.
A Seturel destaca que a confecção das máscaras foi feita pelos próprios servidores da secretaria e que grande parte do tecido foi doado pela Babilônia Indústria. A quantidade não foi informada.
No balneário de Porto de Galinhas, em Ipojuca (Litoral Sul de Pernambuco), os símbolos do destino turístico mais badalado do Estado também receberam máscaras desde o dia 15 de abril. Neste caso, a iniciativa de colocar o acessório nas esculturas de galos e galinhas foi dos próprios moradores do local, para reforçar a importância da medida preventiva de enfrentamento à pandemia da covid-19.
No Rio de Janeiro, desde a semana passada, estátuas famosas também receberam máscaras para lembrar do decreto que torna obrigatório o uso do acessório em toda cidade, maior porta de entrada para o turismo de lazer do Brasil. É o caso da escultura, na entrada do Estádio do Maracanã, do capitão Bellini, ídolo da Seleção Brasileira de Futebol na conquista do primeiro título mundial, em 1958.
Na Zona Sul da capital carioca, a estátua do apresentador Chacrinha também ganhou máscara, assim como a a de Carlos Drummond de Andrade, na orla de Copacabana, e a a de Cartola, na Mangueira, além dos bustos de Zumbi dos Palmares, no Centro, e em Padre Miguel, na Zona Oeste.
Nas margens do Lago Genebra, em Montreux, na Suíça, é a escultura em homenagem ao saudoso cantor Freddie Mercury que mostra a importância de se proteger contra o coronavírus.
A estátua da rainha Victoria, em Piccadilly Gardens, na cidade de Manchester, no norte da Inglaterra, também recebeu a proteção.
Na cidade de Guadalajara, no México, foi a estátua de Miguel Hidalgo y Costilla (1753-1811), considerado pai da Independência, que ganhou o acessório.
A estátua de bronze representando o personagem de desenho animado Titeuf, o menino de 8 anos com um capuz loiro criado pelo cartunista suíço Zep, também recebeu uma máscara protetora no pátio de uma escola da cidade de Carouge, vizinha a Genebra, na Suíça.
Em Edimburgo, na Escócia (Reino Unido), quem também está de máscara é a estátua do cachorro Greyfriars Bobby, que ficou conhecido no século 19 por ter passado 14 anos guardando o túmulo de seu dono
Já acostumada às máscaras por causa da poluição, Pequim, na China, também viu seus monumentos incorporarem o acessório contra a covid-19.
Em Bruxelas, na Bélgica, a Estátua de Manneken-Pis, também recebeu a máscara facial.
E no centro de Berlim, a máscara adorna a Escultura de aço que representa um macaco.
Enquanto isso, o ônibus turístico de Kiev, na Ucrânia, ganhou uma máscara gigante para indicar que o momento agora é de se cuidar.
Só não entende o recado quem não quiser.
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