POR MONA LISA DOURADO, DA COLUNA TURISMO DE VALOR
O avanço dos casos de contaminação e mortes pelo novo coronavírus no Brasil levou o Grupo Amarante, holding controladora dos resorts Salinas Maragogi, Salinas Maceió e Japaratinga Lounge, a adiar a reabertura dos hotéis para 1º de setembro. Antes, a previsão era retomar o funcionamento a partir de julho. Diante da necessidade de ampliar a suspensão das atividades, a empresa anunciou que demitirá 400 dos 1.120 funcionários a partir desta semana.
Em uma iniciativa digna de ser replicada, o Grupo Amarante comprometeu-se, no entanto, a pagar o seguro saúde com cobertura total dos trabalhadores desligados e dos seus dependentes até dezembro de 2020, quando pretende voltar a contratá-los, de acordo com a normalização das operações.
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Advogados trabalhistas consultados pela coluna lembram que, por lei, o funcionário pode manter o plano de saúde após a demissão, mas precisa arcar com o custo total dele. Desta forma, o benefício consiste em não perder as carências, o que ocorreria no caso de contratação de um novo seguro.
"O turismo é o setor mais imediatamente e gravemente afetado pela pandemia em todo o mundo. Fizemos um grande esforço e mantivemos todos os empregos no mês de abril, mas a situação é muito grave,” justifica o CEO do Grupo Amarante, Mário Vasconcellos.
O executivo garante que os colaboradores dispensados passarão a compor um cadastro especial para receberem benefícios e terão prioridade no processo de contratação na retomada das atividades.
"Nos meses de julho e agosto, nossa equipe realizará treinamentos e implantará novos processos de higiene, limpeza e segurança alimentar, de forma a garantir que a experiência nos resorts seja a mais segura e confortável, tanto para quem se hospeda quanto para quem trabalha conosco", afirma o diretor administrativo e financeiro do grupo, Sérgio Lins.
Segundo o grupo, os prejuízos já ultrapassam R$ 125 milhões, mas a decisão de postergar a reabertura foi necessária para proteger funcionários e hóspedes da exposição e possível infecção pelo coronavírus.
Em todo o País, de acordo com a Associação Brasileira de Resorts, 100% dos estabelecimentos desse segmento estão de portas fechadas.
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Em janeiro e fevereiro deste ano, antes da expansão da pandemia no Brasil e da adoção de medidas restritivas para conter o avanço da doença, a receita do Grupo Amarante havia crescido 63% em comparação ao mesmo período de 2019, principalmente por causa da ampliação do Salinas Maragogi e da inauguração do Japaratinga Lounge Resort. O faturamento total em 2019 também apresentou crescimento ante 2018 - de R$ 134 milhões para R$ 180 milhões.
Em paralelo, a empresa diz que está executando um plano de ação de solidariedade, que inclui o apoio a diversas comunidades de Alagoas afetadas pela covid-19, com a distribuição de mais de 10 toneladas de alimentos a famílias e instituições dos municípios de Maragogi, Ipioca e Japaratinga, onde os resorts estão localizados.
As reservas que foram contratadas para o período em que os hotéis estarão fechados, poderão ser canceladas ou reagendadas sem nenhum tipo de custo através do website dos resorts ou canais de atendimento, até 24h antes da data original de check-in. Para as reservas confirmadas através de operadoras de turismo, a sugestão é que o contato seja feito diretamente com as agências. As diárias poderão ser utilizadas em qualquer período de 2020 ou 2021, exceto os que contemplem pacotes de Natal, réveillon, o mês de janeiro e a semana de Carnaval.
Em relação à retomada em setembro, o Grupo Amarante adianta que planeja a reabertura "de forma parcial e lenta, seguindo uma série de rigorosas normas e protocolos internos de caráter preventivo e em conformidade com as orientações das secretarias de Saúde do Estado e dos Municípios, do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS)".
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Até a pandemia, cerca de 80% do público dos resorts era de fora do Nordeste, especialmente do Sul e Sudeste do País. O grupo acredita, entretanto, que a redução da malha aérea é um fator que pode dificultar a retomada no fim do ano. "Entendemos que vai existir um espaço entre o público regional, que também vai priorizar viagens mais próximas", pondera o gerente de marketing, Pedro Carvalho, projetando uma tendência que é praticamente consenso no setor.
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