A cena é comum quase todos os aeroportos ao redor do mundo. Quando o horário do voo se aproxima, bate a impaciência. Basta o primeiro passageiro ansioso se posicionar em frente ao portão de embarque para os demais seguirem em efeito manada. Parece até que o assento não é marcado ou que o avião costuma partir deixando gente para trás. Racionalidade à parte, fato é que filas enormes e desordenadas se estendem pelo saguão. Mesmo que atendentes busquem separar a entrada na aeronave por seções, lá dentro o cenário caótico se repete. Enquanto uns ainda abrigam as malas no bagageiro, outros se atropelam tentando alcançar as poltronas do fundo.
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Com a necessidade de manter o distanciamento social para prevenir o contágio pela covid-19, uma solução da Azul Linhas Aéreas promete evitar as aglomerações e fazer com que o cliente espere sentado até ser chamado para embarcar. Batizada de Tapete Azul, a tecnologia será lançada no Aeroporto do Recife no dia 1º de julho, inicialmente em dez portões de embarque (do 7 ao 16). "Já tivemos uma reunião com a Aena (empresa que administra o terminal) e fizemos a visita técnica. Falta apenas a logística de instalação", conta o gerente de projetos especiais da Azul, Giuliano Podalka, projetando que até o fim de julho o sistema também chegará aos outros cinco aeroportos sob concessão da Aena: Juazeiro do Norte (CE), João Pessoa (PB), Campina Grande (PB), Aracaju (SE) e Maceió (AL). Segundo a concessionária, por enquanto, a autorização vale apenas para implantação no terminal do Recife.
Na prática, a organização do embarque será feita com o uso de sistemas de realidade aumentada e inteligência artificial desenvolvidos pela empresa paranaense Pacer Tecnologia. Monitores vão indicar o momento exato em que o passageiro deve ir para a fila de acordo com o número do seu assento. Ao se levantar, ele vai seguir um tapete colorido e móvel projetado no chão, que aponta onde deve se colocar e quando dar o próximo passo rumo ao avião. Entre um cliente e outro, a distância programada é de quatro metros.
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Um ponto interessante que demonstra a "inteligência" do sistema é a sua capacidade de adaptação. Por exemplo, caso um passageiro se distraia ou se confunda e deixe de caminhar no tempo devido, a projeção é paralisada a partir daquele bloco, impedindo que a pessoa de trás se aproxime, sem atrapalhar o fluxo na frente.
Para evitar os gargalos no corredor da aeronave e o senta-levanta de passageiros, o ordenamento na entrada será feito em "ondas", de trás para a frente e da janela para o corredor.
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O primeiro aeroporto a receber a tecnologia, no fim de maio, foi o Afonso Pena, em Curitiba, seguido de Viracopos (Campinas-SP), Santos Dumont (RJ), Goiânia e Salvador. A inovação tem reduzido em cerca de 25% o tempo entre o embarque e a acomodação na aeronave, segundo a companhia. A Azul estima que a agilidade pode ser ainda maior à medida que os viajantes se acostumem com a novidade. "Inicialmente, havíamos previsto a expansão para outros 17 aeroportos até o fim do ano, mas o sucesso da iniciativa já nos fez aumentar o número para 24", revela Podalka, acrescentando que ainda em 2020 mais de 100 portões de embarque contarão com o Tapete Azul, em um total de 70% dos voos domésticos.
De acordo com o executivo, essa é apenas uma das tecnologias que já estavam previstas no portfólio da empresa e tiveram a implantação acelerada em função da pandemia do novo coronavírus. "O tapete já estava em testes em Curitiba antes. O que alteramos foi apenas o ajuste de espaçamento entre as pessoas para cumprir com as exigências da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)", explica.
Entenda melhor:
Outra novidade para assegurar o distanciamento e reduzir custos no momento em que a aviação amarga prejuízos com redução de voos e de demanda, é o balcão de autoatendimento contactless (sem contato) e touch-free (sem toque), por sistemas de aproximação e leitura de QR Code. Agora, os próprios clientes irão imprimir a etiqueta de bagagem e apenas entregá-la na esteira. As novas funcionalidades do aplicativo e do site também incluem automatização em caso de contingências, diz Podalka. "Caso o voo seja cancelado, por exemplo, o que é uma realidade na aviação, pelo próprio sistema você poderá ser reacomodado sem precisar falar com ninguém. E se o voo está atrasado, você já recebe o voucher de alimentação para usar no aeroporto também automaticamente", descreve.
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No "novo normal" da aviação, independência é um conceito que o passageiro será obrigado a incorporar, enquanto as companhias reduzem cada vez mais seus efetivos de atendimento ao cliente, agora com a justificativa do cuidado com a saúde.