Segundo pesquisas realizadas pelo movimento Juntos pelo Cinema, 75% dos jovens brasileiros consideram o cinema como prioridade de entretenimento na vida pós-pandemia. 80% deles também afirmaram que a frequência de idas se manteria a mesma ou até maior do que antes da crise do coronavírus.
Desde o início da quarentena, a Netflix vem alcançando receitas expressivas. A plataforma encerrou este segundo trimestre com um lucro líquido de US$ 720,2 milhões – um aumento de 166% em relação ao mesmo período de 2019.
Números que só atestam o interesse latente do público pela sétima arte. O que nos leva a uma dúvida comum: quando poderemos voltar as salas de cinema?
Seguindo o Cronograma de Retornos para as Atividades Econômicas do Governo de Pernambuco, não sabemos ao certo. Previsto na Fase 2.2 do plano, a reabertura desses espaços ainda não tem data definida.
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“Quando chegar a fase, a Fundarpe, que é responsável pelos equipamentos culturais, entre eles o Cinema São Luiz cumprirá os protocolos que estão sendo definidos e deverão padronizar, a partir das boas práticas, o processo de reabertura dos cinemas em todo estado”, diz a nota oficial da Fundarpe.
Mesmo sem previsões, é possível antecipar medidas de seguranças que já vem sendo adotadas no Brasil e ao redor do mundo. No atual período de flexibilização, a dúvida agora se tornou “como?”.
Na capital do Amazonas, as salas devem reabrir em setembro por uma decisão quase própria. Mesmo com a liberação para voltarem a funcionar em julho postergada para agosto, a adesão das principais redes foi baixa.
As grandes salas presentes em shoppings de Manaus devem só retornar nas semanas anteriores à estreia de Tenet, novo longa-metragem de Christopher Nolan, previsto para acontecer no dia 10 de setembro.
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Enquanto isso, o Casarão de Ideias, espaço de circuito alternativo, conseguiu uma liberação e está funcionando desde o mês passado.
Entre as medidas, estão a redução no número de assentos disponíveis (de 35 para 19 lugares), restrições entre as cadeiras, uso obrigatório de máscara e sanitização da sala com ozônio.
Atualmente, o equipamento está exibindo filmes como a animação francesa Olhos de Cabul, Campo e Alva, duas estreias portuguesas, além de Harry Potter e a Pedra Filosofal. Em entrevista ao portal Cineset, João Fernandes, diretor do espaço, disse também que pretende estrear o longa O Hotel às Margens do Rio, do sul-coreano Hong Sang-Soo.
Já em São Paulo, que capitaneou as discussões de retomada, o cenário é outro e mais complicado. O Governo do Estado liberou a reabertura dos cinemas para 27 de julho, mas a prefeitura barrou a medida na capital – o que descontentou a maioria dos exibidores.
Entre as restrições do plano de retorno estavam algumas duramente criticadas, como a obrigatoriedade de venda online de ingressos e funcionamento durante 6 horas.
Para organizar melhor as demandas e medidas, além de amparar pequenos e médios exibidores, as empresas do ramo se uniram para criar o movimento Juntos pelo Cinema, que realizou pesquisas e padronizou os protocolos sanitários.
Medidas de incentivo também estão incluídas, como promoções de ingressos para aumentar a frequência do público, além dos já obrigatórios usos de máscara e medição diária da temperatura dos funcionários.
Do outro lado do globo, a China é um exemplo a se prestar atenção. Segundo matéria do The Hollywood Reporter, salas localizadas em áreas com baixo índices de infecção poderão abrir as portas.
No entanto, as restrições são mais rígidas: apenas 30% dos assentos serão vendidos, os equipamentos terão que operar com metade do número normal de sessões, e os filmes exibidos só poderão ter duração menor que duas horas.
A maioria das salas de cinema da Região Metropolitana do Recife ainda não divulgaram diretrizes de reabertura. As principais redes de shopping, como a Cinemark, UCI e Cinépolis, aguardam datas definidas pelo governo para se movimentarem. O mesmo acontece para o Cinema São Luiz, gerido pela Fundarpe.
Dedicando-se a iniciativas online desde o começo da quarentena, o Cinema da Fundação Joaquim Nabuco foi um dos únicos a traçar um planejamento adiantado. O equipamento opera duas salas: Derby e Museu (localizada em Casa Forte).
“Já estamos preparando nossos espaços para o imediato retorno, assim que for liberado o funcionamento desse tipo de atividade em recintos fechados”, explicou Ana Farache, coordenadora do cinema e da Cinemateca Pernambucana. Os equipamentos foram um dos primeiros a fecharem as portas no Recife pré-quarentena.
A adequação dos ambientes passa por instalação de divisória entre público e bilheteria, como é o caso do Cinema da Fundação/Museu, além da sinalização e marcação de distanciamento no piso do espaço e instalação de equipamentos com álcool.
“O mais importante para nós da Fundaj é que o retorno às nossas salas não coloque em risco a saúde do público nem da nossa equipe”, diz Ana.
Em relação ao calendário de estreias (problema pertinente na retomada das salas), o Cinema da Fundação deve apostar em sessões especiais e reprises, como já acontece nos especiais Sempre aos Domingos, Sábado à Tarde e Sessão Índigo.
No Recife, as redes Moviemax também estão se movimentando – tanto a Camará, como a Rosa e Silva. Rafaela Souza Leão, gerente de programação e marketing da empresa, explica que os equipamentos vêm sendo monitorados desde o fechamento.
“Também teremos uma maior quantidade de totens e estações de álcool para uso dos clientes e funcionários, divisórias nas estações de atendimento, EPIs próprios para funcionários e toda sinalização e informação que for necessária para o bem estar de todos, que é a nossa maior preocupação”, detalhou.
São 98.844 mortes por coronavírus confirmadas até as 13h desta sexta-feira (7), segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde. Pessoas, entre cinéfilos, cineastas e amantes do cinema. O vírus continua circulando, e esse deve ser o parâmetro básico para qualquer decisão acerca do tema.
A Associação Médica do Texas, por exemplo, divulgou uma lista com 37 atividades cotidianas classificadas de acordo com o risco de infecção pelo vírus. A base é a capacidade que as pessoas têm de cumprir as recomendações de distanciamento social em cada uma delas.
Em uma escala de 0 a 10, a classificação de “ir ao cinema” foi considerada 8 (risco alto). A atividade também está ao lado de “se exercitar em uma academia” e “ir ao bar”, ambos, no entanto, já liberados com restrições pelo governo.
Por outro lado, o fechamento das salas vem impactando uma indústria já fragilizada antes da pandemia. Segundo reportagem publicada pelo jornal O Globo, a Ancine e o BNDES preparam uma linha emergencial de crédito para auxiliar no cenário. O problema é que o FSA (Fundo Setorial do Audiovisual) de onde é originado boa parte dos recursos vive um dos maiores imbróglios da sua história.