"Quem canta, seus males espanta", assim diz o ditado popular. E a Netflix resolveu colocar isso à prova de maneira muito divertida ao lançar o primeiro reality show musical da plataforma, intitulado Vem Cantar!. Em oito episódios, o público é convidado a acompanhar uma competição de karaokê bastante animada, numa corrida que vale até 30 mil euros a cada programa.
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A aposta no formato é tão alta que levou a Netflix a disponibilizar duas edições para os espectadores: Vem Cantar! Espanha e Vem Cantar! Alemanha. Mas o Jornal do Commercio acompanhou a versão espanhola que, por sinal, tem um episódio a mais que a alemã. O programa tem a apresentação do talentoso cantor Ricky Merino, um dos responsáveis por boa parte da animação da atração junto a uma grande plateia.
O formato de Vem Cantar! é extremamente bem definido, mas não menos interessante. Os episódios não se interligam. Todos têm começo, meio e fim, e com menos de 40 minutos, o que não dá tempo de cansar o público.
Com seis participantes a cada edição, sempre há um tema para guiar a setlist: "Festa de verão", "Maiores sucessos", "Baladas", "Sons latinos", "Filmes", "Anos 80", "Rock" e "Divas". Como os capítulos são independentes, você pode assistir na ordem (ou no estilo musical) que preferir.
O dinamismo do programa se destaca logo no início, quando os competidores são apresentados da melhor forma: cantando. Neste número de abertura, onde o apresentador e a plateia também interagem, conhecemos seus nomes e profissões. E a diversidade que a Netflix prega em suas produções também é possível ver nos candidatos de Vem Cantar!, colocando homens e mulheres de vários biotipos e gêneros, sem qualquer preconceito.
Além disso, diferente de outras competições musicais que vemos na TV, o formato do streaming merece aplausos por abrir para amadores. Ou seja, ninguém ali é cantor profissional ou busca uma carreira artística. A proposta é, de fato, brincar de karaokê, se divertir e, se possível, levar uma bolada em dinheiro.
E mais: o desafio do programa não é buscar um cantor que grite ou faça firulas com a voz, já que eles precisam cantar o mais próximo possível da interpretação original para agradar o "temperamental" sistema avaliador de voz, que é implacável nas análises — acompanhadas pelo público a cada música — e tirar cada vez menos dinheiro do prêmio final a cada rodada.
No enorme cenário colorido de leds, ao fim de cada música, quando vemos a cor vermelha em destaque, sabemos que é hora da eliminação. Nas primeiras três rodadas, os próprios participantes votam abertamente em quem eles querem ver fora do jogo, com direito a reações provocativas da plateia.
Nas duas últimas, porém, o sistema avaliador de voz é quem decide. E além do prêmio final, os candidatos ainda podem ganhar individualmente o "Prêmio do Ricky" (que vale 500 euros), em que o apresentador julga qual foi a melhor performance na opinião dele. E na penúltima rodada, levar uma "Nota de Ouro" (que vale 1000 euros) caso segure uma determinada nota alta até o fim.
Com direção musical de David Tench, junto a uma banda ao vivo, o repertório de Vem Cantar! também é bastante diverso com canções bem executadas, contemplando hinos de várias épocas: de Shallow, de Lady Gaga a Believe, de Cher. E por se tratar de uma edição espanhola, é interessante conhecer alguns hits e cantores locais como Mecano (Mujer Contra Mujer), Rafael (La Gran Noche) ou La Quinta Estación (Me Muero).
E como pequenos "easter eggs", vale prestar atenção nas notinhas musicais que aparecem no rodapé do vídeo, contando uma curiosidade da canção que vai ser interpretada naquele momento, com uma linguagem bem informal. Geralmente, acompanhado de uma "piadinha" de leve.
Gravado no Pinewood Studios, em Londres, com direção de Salva Romero, Vem Cantar! se mostra um formato musical único que se sobressai, principalmente, pelo alto astral de cada edição. Diferente de atrações semelhantes no Brasil, onde a emoção sobrepõe ao talento dos candidatos que precisam, às vezes, "gritar" e chorar copiosamente para serem notados.
É que às vezes, "cantar no chuveiro" e desafinar num karaokê é muito mais divertido, natural e "espanta mais os males" do que uma performance tecnicamente perfeita.