Uma época específica e importante do teatro de Pernambuco pode ser revisitada através de uma extensa pesquisa do jornalista, crítico e pesquisador Leidson Ferraz. "O Teatro no Recife da Década de 1930: outros significados à sua história", sua dissertação de mestrado em história na UFPE, agora vira livro pelo selo SESC Pernambuco com apoio da Cepe Editora. O evento de lançamento ocorrerá nesta segunda-feira (20), a partir das 19h, no hall do SESC Santo Amaro, no Centro do Recife, com show de Andréia Luiza.
Na mesma ocasião, será lançado o livro "Grupo de Teatro do SESC Caruaru - Fazendo e Aprendendo", organizado por Severino Florêncio, Moisés Gonçalves, Josinaldo Venâncio e Maylson Ricardo. Essa publicação aborda a atuação de 40 anos do SESC no interior, contando histórias de episódios como a criação do Grupo de Teatro Cena Aberta do SESC Caruaru. Cada livro custa R$ 40.
Ainda sobre "O Teatro no Recife da Década de 1930", Leidson Ferraz reúne imagens raras, mapeamentos de peças e ações realizadas por grupos e artistas independentes nos teatros do centro da capital pernambucana, mas também pelos "arrabaldes", como eram chamados os bairros de subúrbios. Era um momento em que principalmente comédias, burletas e operetas davam o tom dos palcos.
"Quis minimizar o descaso com a produção teatral"
A pesquisa reúne vestígios publicados nos jornais, mas também em documentos achados por acervos particulares ou públicos. O trabalho “pretende situar aquele teatro de outrora, período ainda pouco estudado e valorizado, em sua lógica de produção cultural e salientar o que existia na dinâmica do movimento cênico da época, principalmente na relação com a imprensa, o poder instituído e os espectadores.
De acordo com o pesquisador, o estudo "quis minimizar o descaso com a produção teatral recifense em momento anterior à chamada modernidade do nosso palco, quando o encenador veio dar unidade estética aos espetáculos”.
O livro aflora a trajetória de grupos expressivos, a exemplo do Grupo Gente Nossa e do Grêmio Familiar Madalenense (liderado pelos Irmãos Valença), ou de artistas como Samuel Campello, Elpídio Câmara, Barreto Júnior, Lenita Lopes e Valdemar de Oliveira, entre outros. Contudo, o estudo vai além do discurso que ocupa posição dominante no campo historiográfico nacional, sempre a abordar o “modo antigo” de se fazer teatro em suas tão depreciadas contradições.
Sobre o autor
Leidson Ferraz atualmente é Doutorando em Artes Cênicas na UNIRIO (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) e já possui uma vasta série de livros e artigos publicados na área, além de acervos organizados. Alguns exemplos são a coleção Memórias da Cena Pernambucana, o livro/pesquisa Teatro Para Crianças no Recife: 60 anos de história no século XX e o projeto Teatro Tem Programa!,entre muitas outras iniciativas.