Surgida na efervescência cultural dos anos 1970, a Banda de Pau e Corda celebra 50 anos de carreira com show no Teatro do Parque neste sábado (9), às 19h. A entrada exige apenas 1kg de alimento não perecível, que será distribuído pelo Sesc Pernambuco. Com uma sonoridade inspirada na cultura popular e marcada por lirismo, flauta, viola e vocais, o grupo foi responsável por marcar uma certa temporalidade da música pernambucana na historiografia da música brasileira junto com nomes como Quinteto Violado, Alceu Valença e Geraldo Azevedo.
Embora os 50 anos sejam completados de fato em 2022, a comemoração começou no ano passado com o lançamento do álbum "Missão de Cantador". A turnê do disco, no entanto, foi adiada por conta da pandemia. Apenas um show foi realizado em Belo Horizonte, junto ao Quinteto Violado.
Em abril deste ano, a Banda de Pau e Corda passou por Caruaru (07/04), Garanhuns (08/04) e passará pelo Recife no sábado, no Parque. A agenda ainda prevê shows em João Pessoa e São Paulo, entre abril e maio. Na capital paulista, contará com a participação de Zeca Baleiro - um dos convidados do álbum, além de Chico César, Mestre Gennaro e Marcello Rangel.
"Estamos começando a turnê agora, mas já podemos sentir a interação, a energia que está vindo de fora", diz o vocalista Sérgio Andrade. "Isso tem sido um combustível muito bom, de saber que existe um respeito pela história da banda. São 50 anos, não são 50 dias. Temos sentido essa valorização. Começamos nos anos 1970, ao lado do Quinteto Violado, fazendo parte de um movimento de valorização da música. Desde então não paramos."
Sérgio reforça sobre o cunho social que a banda nunca perdeu nessas cinco décadas. "Sempre colocamos nas canções as vivências de cada um dos compositores, mas também colocamos o nosso cunho social. Temos o problema da fome e 'Missão de Cantador' fala exatamente disso", diz, citando versos da canção: "em água pra matar a sede / Tem pão para matar a fome / Tem chave pra guardar segredo / E abrigo pra quem não tem nome".
Criada em 1972, com inspiração nas pesquisas folclóricas de Mário de Andrade, a Banda de Pau e Corda chegou de fato à cena com o clássico disco "Vivência" (1973). O disco foi bastante bem recebido pela crítica, tendo na contracapa um texto de Gilberto Freyre. Lançaram outros discos aclamados como "Redenção" (1975) e "Arruar" (1979).
"Missão de Cantador" (Biscoito Fino) interrompeu um hiato de quase 30 anos sem álbuns de estúdio. A capa foi a última feita por Elifas Andreato, que assinou a capa de "Arruar" e faleceu em março deste ano, deixando um legado gráfico para a música brasileira. Junto ao novo álbum, toda a discografia do grupo foi disponibilizada nas plataformas digitais pela Sony, que tem os direitos do acervo da RCA Victor, antiga gravadora da banda.
A entrada no streaming fez o público do grupo se renovar, diz Sérgio. "A cada dia que passa, vemos que o público está mudando. Principalmente com esse trabalho novo, pela resposta que a gente tem tido, pelos contatos também. Tem muita gente interagindo pelas redes, pessoas mais jovens que estão se chegando ao projeto. Quem não conhecia, procurou e ouviram. Isso foi fantástico."
Atualmente, a Banda de Pau e Corda é composta por Sérgio Andrade (vocal), Alexandre Baros (bateria, percussão e vocal), Júlio Rangel (viola e vocal), Sérgio Eduardo (contrabaixo), Yko Brasil (flauta transversal e pífano) e Zé Freire (violão e vocal). Roberto Andrade (bateria) e Paulo Resende (baixo), da formação original, faleceram em 2017.
SERVIÇO
Show "Missão do Cantador"
9/04 - Recife (PE), no Teatro do Parque, às 19h
30/04 - João Pessoa (PB), no Teatro Santa Roza
6/05 - São Paulo (SP), no Teatro Sérgio Cardoso
7/05 - São Paulo (SP), no Teatro Sérgio Cardoso