Foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira (5) o decreto que antecipa o pagamento do 13º de aposentados, pensionistas e outros segurados do INSS neste ano. A decisão foi assinada pelo presidente Jair Bolsonaro e o pagamento será feito em duas parcelas.
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A primeira parcela, correspondente a 50% do valor, será paga juntamente com os benefícios de maio, entre os dias 25 de maio e 8 de junho. A segunda parte será paga com os benefícios de junho, entre 24 de junho e 7 de julho.
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A intenção de antecipar o benefício é incrementar a renda e favorecer o processo de recuperação da economia diante do impacto da pandemia do novo coronavírus (covid-19). Mas, com a antecipação, é preciso cautela para evitar a falta de recursos para necessidades futuras. Assim, o JC conversou com o personal financeiro Leandro Trajano, que deu dicas de como utilizar da melhor forma o 13º salário.
Usar na hora certa
Leandro Trajano: Nem todos precisam do adiantamento e é muito comum que as pessoas pensem que é um dinheiro extra, a pessoa não considera que já é um dinheiro dela e que no final do ano ela tem demanda, ela tem uma necessidade e termina antecipando gastos, mas não deve fazer isso. Normalmente, o décimo terceiro vem devido as despesas como IPTU, IPVA, demandas que temos no fim de um ano e no início do outro. Se não tem necessidade real, é deixar guardado para a hora certa.
Evitar gastar por impulso
Leandro Trajano: O valor injetado é significativo para a economia do País, pois é mais gente gastando, mais gente comprando, é mais dinheiro circulando e a possibilidade de mais empregos, com o aquecimento da economia. Normalmente, o comércio, o varejo, os serviços em geral terminam por trazer muitas oportunidades, possibilidades, tentam a mente dos aposentados nessa época. Então, é evitar compras por impulso, tentar esquecer o dinheiro, se não precisa usar naquele instante.
Não agir por emoção
Leandro Trajano: Há quem não precisa, mas sabemos que bastante gente precisa do dinheiro e ele cai como uma luva. Mas, é importante não agir com emoção. Então, caiu o dinheiro, é importante separar as necessidades, as dívidas, um remédio que não comprou, e listar isso por ordem de prioridade, tendo clareza do valor e não só o primeiro valor que vem à frente, mas pesquisar preço para ver como melhora, a fim de gastar menos. Muitos fazem coisas de forma desordenada e quando lembram de algo importante, o dinheiro já acabou. Assim, é usar da melhor forma, sem se equivocar.
Cautela
Leandro Trajano: Muitos aposentados sustentam familiares, emprestam valores a amigos, tudo de bom coração. Mas quando chegar o dinheiro, é não deixar a emoção falar mais alto que a razão. Ao invés de guardar para adiante, como para uma viagem para visitar um parente distante, comprar um remédio, um tratamento caro, a pessoa usa, fica zerada, repassa esse valor como empréstimo, que muitas vezes não têm devolução. Não agir só com emoção, é preciso um pouco de razão. Se tiver uso mais coerente do dinheiro, mais à frente pode ser preciso.
Risco com empréstimos
Leandro Trajano: Para quem já utilizar todo o recurso agora, há um risco grande no final do ano, pois os aposentados vivem sendo abordados e tentados pelo crédito fácil, concedido de forma muitas vezes irresponsável no Brasil e termina por deixar muita gente endividada. Claro, quem endivida não é o crédito, é a falta de educação financeira e a falta de planejamento, mas se o crédito não fosse tão fácil, isso poderia ser mais reduzido e controlado. Temos muitos inadimplentes em momento de desemprego alto e de perspectivas baixas, há anos se diz que o Brasil está na cabeceira da pista para decolar, mas o motor falha.
Antecipação
Leandro Trajano: Existem pessoas que precisam de toda forma utilizar agora o valor. Mas o importante é se antecipar, muitos gastos são previsíveis, existem gastos que acontecem todo ano no mesmo mês, você precisa separar o valor. Tem IPTU, IPVA, uma viagem em janeiro que você gosta de fazer, um aniversário que sempre é na mesma data, não são coisas atípicas, como muitos colocam. Então, é listar num papel, numa planilha, num bloco de notas do celular, não importa, é listar quais despesas tem lá na frente, saber quanto entra e sai mais ou menos em relação ao que eu ganho, qual meu furo mês a mês. E saber quanto é a mais em janeiro, em fevereiro, é preciso redimensionar o orçamento. É duro, doloroso, mas é a realidade.
Renda extra
Leandro Trajano: Quem pode ter uma renda extra é importante, por mais que no momento isso seja desafiador, em meio à pandemia, mas muitos já tomaram a vacina e pouco a pouco, com cuidado e responsabilidade, poderão sair e tentar contribuir e tentar virar esse jogo. Mas, sim, é algo difícil.
Ajuda
Leandro Trajano: O familiar pode dedicar tempo ao idoso próximo, que pode não ter afinidade com tecnologias e tiveram pouco contato com educação financeira, com planejamento. Quem tem alguém nessa situação, é chegar junto, saber quanto vai receber, saber o que pensa em fazer, saber se está com as contas em dia, colocar em um papel as dívidas, tentar orientar. O problema é que, muitas vezes, o orientador, esse parente, também não tem educação financeira. É um problema no Brasil.