Qual o tamanho da fome em Pernambuco? Relatório vai medir a insegurança alimentar nos Estados

O inquérito nacional mostra que no Norte e Nordeste, a cada 10 famílias, 4 estão enfrentando formas severas de insegurança alimentar, enquanto no Sul esse número cai para duas
Adriana Guarda
Publicado em 29/08/2022 às 17:56
INSEGURANÇA ALIMENTAR Desde 2021, o País voltou ao Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas Foto: DAY SANTOS/JC IMAGEM


A Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan) vai apresentar, em setembro, uma versão Estadual do Inquérito sobre Insegurança Alimentar no País. O documento vai complementar a versão nacional, que traz informações sobre a fome no Brasil e nas regiões. 

"Ainda não vamos conseguir trazer o detalhamento por municípios, mas o resultado geral dos Estado será possível apresentar", adianta o sociólogo e membro da coordenação executiva da Rede Penssan, Renato Carvalheira. A divulgação vai permitir conhecer a realidade dos Estados. 

Diante do avanço de pobreza e da extrema pobreza em Pernambuco, divulgado por outros estudos, a expectativa é que os números da fome sejam significativos. Uma pista é o resultado do Nordeste. De acordo com a Rede Penssan, de cada 10 famílias nordestinas, 4 estão em situação de insegurança alimentar grave ou moderada. Isso quer dizer passando fome ou em uma situação de faltar comida. 

Pesquisas da FGV Social e do Observatório das Metrópoles apontam Pernambuco em situação de desvantagem em relação ao Brasil. No primeiro, registra o maior crescimento da pobreza, com taxa de 8,4%, além de figurar em quarto lugar no ranking nacional. No segundo, aparece como a região metropolitana em que a extrema pobreza mais cresceu.  

O que faz com que Pernambuco ter um desempenho tão negativo quando os assuntos são fome e pobreza?

O que faz com que Pernambuco, apesar de ser o 10º Estado mais rico do País e de ser responsável por 2,7% de toda a riqueza nacional, ter um desempenho tão negativo quando os assuntos são fome e pobreza? Um Estado, que nas décadas recentes viveu uma revolução na sua economia e hoje contam com uma refinaria de petróleo e uma montadora de veículos em sua matriz industrial? 

O professor de economia da Universidade de Pernambuco (UPE), Sandro Prata, explica que o problema está desigualdade.

"Pernambuco realmente é uma das grandes economias do Brasil, em relação ao Produto Interno Bruto. No entanto, o PIB mede só a riqueza como um todo, enquanto um dos melhores índices para medir a riqueza de um povo é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o o Coeficiente de Gini (que mede a desigualdade)", explica.

THIAGO LUCAS/ ARTES JC - Economia de Pernambuco

Prata explica com uma analogia. "Você pode ter um bolo grande, mas ele ser extremamente mal dividido. Então não adianta você ter um Estado rico, mas com a renda concentrada nas mãos de poucas pessoas.  Isso acontece não só em Pernambuco, mas também em todo o Brasil. Em resumo, nós temos uma péssima distribuição de renda", alerta. 

THIAGO LUCAS/ ARTES JC - Economia de Pernambuco

Em Pernambuco, o rendimento médio das pessoas vem caindo, a informalidade no mercado de trabalho crescendo e o desemprego explodiu e entrou em uma trajetória de queda. Junto com a desigualdade, todos esses indicadores colocam o Estado no caminho da fome e da pobreza.     

 


 

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