Os argentinos se despedem nesta quinta-feira (26) da lenda do futebol Diego Maradona, em um velório na Casa Rosada (sede de governo) que deve receber mais de um milhão de pessoas. Desde meia-noite, centenas de pessoas começaram a se reunir na Praça de Maio, diante da emblemática Casa Rosada, para a despedida do campeão mundial no México-1986, um dia depois da morte do ídolo por parada cardíaca.
"O horário de abertura do portão para o público geral será 6H00 (mesmo horário de Brasília) ... até as 16H00", informou um comunicado presidencial.
O velório foi reduzido de três dias para apenas um, a pedido da família. Centenas de mensagens enviadas por atletas e personalidades políticas de todo o mundo refletiram a popularidade internacional do astro argentino.
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Lionel Messi e Pelé, outras estrelas mundiais do futebol, encabeçaram uma longa lista de emotivas despedidas a Maradona.
De acordo com o resultado preliminar da necropsia, ele sofreu uma "insuficiência cardíaca aguda, em um paciente com uma miocardiopatia dilatada, e insuficiência cardíaca congestiva crônica que gerou edema agudo de pulmão".
Perto da meia-noite, o corpo de Maradona foi levado do necrotério para uma funerária, de onde foi transportado para a Casa Rosada, cercada por um forte dispositivo de segurança.
Claudia Villafañe, ex-esposa de Maradona e suas duas filhas, Dalma e Gianinna, chegaram antes da meia-noite à sede presidencial.
No trajeto, e a cada trecho, a caravana de dezenas de viaturas e motocicletas policiais recebia aplausos. Quando o veículo chegou à funerária, quase mil torcedores já estavam no local.
"Ele é um gênio, ele é o povo, ele é como nós, a vida, o amor", disse Andrés Quintero, de 42 anos, que viajou duas horas, da cidade de Tigre, para acompanhar o velório.
O presidente argentino Alberto Fernández decretou três dias de luto nacional.
A morte provocou uma comoção mundial e as homenagens dominaram Buenos Aires. Milhares de torcedores se reuniram na quarta-feira no bairro da Boca, onde fica a célebre Bombonera, ou no central Obelisco.
No estádio do Boca Juniors, torcedores criaram um santuário com flores e velas.
Torcedores também entraram no estádio Diego Armando Maradona, do Argentinos Juniors, ao noroeste de Buenos Aires, para prestar homenagem ao ídolo. 'El Pelusa' estreou neste gramado na primeira divisão aos 15 anos.
O estádio foi iluminado durante a noite. "Diego é minha vida, você é a alegria do meu coração", gritou a multidão.
Maradona se recuperava de uma operação para a retirada de um coágulo da cabeça desde 3 de novembro. No dia 11 ele recebeu alta, mas a saúde do ídolo era delicada e ele enfrentava uma nova síndrome de abstinência.
Ele estava com problemas de saúde no dia de seu aniversário de 60 anos em 30 de outubro, quando reapareceu de seu confinamento devido à pandemia no estádio do Gimnasia y Esgrima, equipe que comandava.
Seu advogado, Matías Morla, revelou que Diego enfrentava uma depressão quando o coágulo foi detectado.
"Ele tinha um comportamento diferente, estava muito deprimido e fazia comentários sobre parentes que haviam falecido, que sentia falta deles", disse.
O promotor John Broyard afirmou que a morte do astro do futebol aconteceu ao meio-dia de quarta-feira por causas naturais.
Maradona tinha cinco filhos, duas delas, Dalma e Gianinna, com a ex-esposa Claudia Villafañe. Havia desconforto na família com o ambiente em que ele viva nos últimos anos.
Seus outros filhos, que teve com três mulheres, são Jana, Diego Júnior, e Diego Fernando.
Maradona passou por várias cirurgias, inclusive em situações dramáticas em 2000 e 2004. Ele também teve uma operação em um joelho e caminhava com extrema dificuldade.
Os excessos e vícios estão na origem de seus problemas de saúde.
O auge de sua carreira aconteceu no título da Argentina na Copa do Mundo do México-1986. Sua partida mais famosa aconteceu nas quartas de final deste Mundial, quando Maradona fez um gol com a mão, a famosa 'mano de Dios', e o segundo que é considerado o mais bonito da história das Copas.
Maradona havia superado há alguns anos o vício em drogas pesadas. Mas continuava consumindo bebidas alcoólicas e era medicado com tranquilizantes e ansiolíticos.
Há algum tempo não era o mesmo. Quando comparecia ao estádio do Gimnasia, não caminhava ou falava da maneira como todos estavam acostumados.
Apesar da pandemia, muitos esperam que o velório reúna uma multidão similar aos funerais de Evita em 1952 ou Juan Perón, em 1974.